ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 12-3-2009.
Aos doze dias do mês de março do ano de dois mil e
nove, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni,
Bernardino Vendruscolo, Dr. Raul, Elias Vidal, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, João Pancinha, Juliana Brizola, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Nilo
Santos, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os Vereadores Alceu Brasinha, Beto Moesch, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr.
Thiago Duarte, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson, Fernanda Melchionna,
Haroldo de Souza, Luiz Braz, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nelcir
Tessaro, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon,
Valter Nagelstein e Waldir Canal. À MESA, foi encaminhado, pelo Vereador Mauro
Zacher, o Projeto de Lei do Legislativo nº 034/09 (Processo nº 0910/09). Ainda,
foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente,
solicitando desarquivamento de Processos: de autoria do Vereador Alceu
Brasinha, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº 011/08 (Processo
nº 0423/08); de autoria do Vereador Bernardino Vendruscolo, com referência aos
Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 027/05, 014 e
033/06, aos Projetos de Lei do Legislativo nos 012, 320 e 321/05,
039, 191 e 248/07, e ao Projeto de Resolução nº 112/05 (Processos nos
4000/05, 3732 e 5839/06, 0126, 7039 e 7040/05, 1414, 6560 e 7928/07, 3712/05,
respectivamente); de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, com referência ao
Projeto de Lei do Executivo nº 059/02 (Processo nº 2776/02). Também, foi
apregoado o Ofício nº 151/09, do Senhor José Fortunati, Prefeito Municipal de
Porto Alegre, em exercício, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº
007/09 (Processo nº 1179/09). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos
045, 046 e 047/09, do Senhor Valdemir Colla, Superintendente Regional da Caixa
Econômica Federal – CEF. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças
de Dom Remídio José Bohn, Bispo Auxiliar de Porto Alegre, da Senhora Sonia
Martins Sebenelo, autora do livro “Gênero e Poder – Possíveis Contradições no
Processo de Emancipação Feminina”, e do Senhor Omar Ferri Júnior, Coordenador
do Serviço de Proteção e Defesa dos Direitos do Consumidor – PROCON/PMPA –,
convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos. Após, o Senhor Presidente
concedeu a palavra a Dom Remídio José Bohn, que discorreu sobre a Campanha da
Fraternidade do ano de dois mil e nove, divulgado o tema “Fraternidade e
segurança pública” e o lema “A paz é fruto da justiça”, adotados no corrente
ano pela Igreja Católica. Durante o pronunciamento de Dom Remídio José Bohn,
foi realizada a apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua
Excelência Reverendíssima. Também,
os Vereadores Aldacir José Oliboni, João Carlos Nedel, Paulinho
Ruben Berta,
Luiz Braz, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Airto Ferronato e Nelcir Tessaro
manifestaram-se acerca do assunto tratado por Dom Remídio José Bohn. Na oportunidade,
o Senhor Presidente registrou as presenças, neste Plenário, dos Vereadores
Daniel Gomes e Marco Barbosa, das Câmaras Municipais de Mossoró - RN – e
Cachoeirinha – RS –, respectivamente. Às quatorze horas e quarenta e dois
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quatorze horas e quarenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum.
Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Sonia
Martins Sebenelo, que, dentro das comemorações deste Legislativo alusivas ao
Dia Internacional da Mulher, se manifestou acerca no livro “Gênero e Poder –
Possíveis Contradições no Processo de Emancipação Feminina”, publicado pela
Câmara Municipal de Porto Alegre. Também, as Vereadoras Maria Celeste e Juliana
Brizola e os Vereadores Luiz Braz, Haroldo de Souza, Toni Proença, Nilo
Santos e João Antonio Dib manifestaram-se acerca do assunto tratado pela Senhora Sonia Martins
Sebenelo. Na oportunidade, o Vereador Nilo Santos requereu sejam alterados
dados constantes do livro “Gênero e Poder – Possíveis Contradições no Processo
de Emancipação Feminina”, tendo se manifestado a respeito a Senhora Sonia
Martins Sebenelo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, pronunciou-se o
Vereador Valter Nagelstein. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os
Vereadores Luiz Braz e Nilo Santos. Após, a Vereadora Maria
Celeste formulou Requerimento verbal, solicitando conferência e possíveis
alterações nos dados relativos à ex-Vereadora Tereza Franco, constantes do
livro “Gênero e Poder – Possíveis Contradições no Processo de Emancipação
Feminina”. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Omar
Ferri Júnior, que citou atividades desenvolvidas pelo Serviço de Proteção e
Defesa dos Direitos do Consumidor, lembrando o transcurso, no corrente mês, de
um ano de fundação desse órgão, dos dezoito anos de implantação do Código de
Defesa do Consumidor e do Dia Internacional do Consumidor. Durante o
pronunciamento do Senhor Omar Ferri Júnior, foi realizada a apresentação de audiovisual
referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Também, os Vereadores João Antonio
Dib, Valter Nagelstein, Luiz Braz, Toni Proença, Juliana Brizola, Mauro
Pinheiro e Alceu Brasinha manifestaram-se acerca do assunto tratado pelo Senhor
Omar Ferri Júnior. Ainda, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Omar
Ferri Júnior, para considerações finais em relação às manifestações dos
Senhores Vereadores sobre o tema abordado por Sua Senhoria. Às dezesseis horas
e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados
às dezesseis horas e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Ervino Besson e Paulinho
Ruben Berta. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se o Vereador Aldacir José
Oliboni. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os Vereadores Luiz Braz e Dr.
Thiago Duarte,
este em tempo cedido pela Vereadora Juliana Brizola. Após, foi apregoado o Memorando nº 021/09, deferido pelo Senhor
Presidente, de autoria do Vereador Engenheiro Comassetto, solicitando
autorização para representar externamente este Legislativo, hoje, na Audiência
Pública para debate de questões sobre a construção do Hospital Geral da
Restinga e os serviços de saúde da família, às dezenove horas, na Paróquia
Nossa Senhora da Misericórdia, no Bairro Restinga, em Porto Alegre. Também,
foi apregoado o Parecer nº 004/09, da Comissão de Constituição e Justiça,
atinente a questionamento da Presidência deste Legislativo, quanto à
necessidade da juntada de manifestação da população local no caso de projeto de
lei de denominação de logradouro não-cadastrado (Processo nº 6796/08). Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Beto Moesch. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se os Vereadores João Pancinha e Juliana Brizola. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciou-se o Vereador Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÕES, pronunciou-se
o Vereador Luiz Braz. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se a Vereadora Maria
Celeste. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se a Vereadora Maria Celeste e os
Vereadores Dr. Raul, este em tempo cedido pelo Vereador Mario Manfro, e Mauro
Pinheiro. Às dezessete horas e quarenta e seis minutos, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Adeli Sell e Toni Proença e secretariados
pelo Vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir Tessaro, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Obrigado, Ver. Nelcir Tessaro, pela leitura dos procedimentos e proposições que
chegaram à Mesa até este momento.
Gostaria
de iniciar os trabalhos da presente Sessão com alguns comparecimentos. Convido
a fazer parte da Mesa o Bispo Auxiliar de Porto Alegre, Sr. Dom Remídio José
Bohn, que apresentará a Campanha da Fraternidade de 2009 - A Paz é Fruto da
Justiça.
Chamo,
também, para compor a Mesa, a Srª Sonia Sebenelo, que se pronunciará a respeito
do lançamento do livro “Gênero e Poder”.
Temos,
também, o comparecimento do Sr. Omar Ferri Jr., Coordenador do Procon
Municipal, com o assunto: um ano do Procon Municipal, 18 anos do Código de
Defesa do Consumidor e o Dia do Consumidor, que será comemorado no dia 15 deste
mês.
O
Sr. Dom Remídio Bohn está com a palavra para fazer o seu pronunciamento.
O
SR. REMÍDIO JOSÉ BOHN: Estimado
Sr. Presidente da Mesa, Ver. Adeli Sell; demais componentes da Mesa, estimados
Vereadores e Vereadoras, agradeço muito o convite que foi feito pelo Ver.
Oliboni, para falar hoje sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Os
senhores sabem que, no tempo da Quaresma, a Igreja, no Brasil, desde o ano de
1964, realiza a Campanha da Fraternidade, a cada ano, tomando como tema sempre
um assunto muito especial que está presente nos anseios e nas preocupações da
nossa sociedade. E para este ano a Igreja Católica escolheu como tema a
“Fraternidade e Segurança Pública”, tendo como lema “A Paz é Fruto da Justiça”.
Neste momento, em vez de falar, eu vou apresentar um DVD que trata um pouco da
realidade e faz uma apresentação mais global dessa campanha, que se realiza no
Brasil e que também atinge, de modo muito especial, todos nós. E eu sei que
esta Casa, onde esse tema, tantas vezes, é debatido, leva as preocupações, os
anseios e busca soluções para que possamos encontrar, nessa Campanha da
Fraternidade, uma resposta aos anseios por Segurança Pública. Então, podemos
acompanhar o vídeo.
(É
feita a apresentação de datashow.)
O
SR. REMÍDIO JOSÉ BOHN: Assim
nós temos uma base, estimados Vereadores e Vereadoras, porque amamos esta
cidade de Porto Alegre e conhecemos muito bem a situação de dificuldade que
enfrentamos diante da insegurança pública, das violências que acontecem. Mas eu
creio que, basicamente, se procurarmos construir justiça, paz, fraternidade, a
começar pelas nossas famílias, pelas nossas famílias, pelas nossas casas, pelos
ambientes de trabalho, certamente estaremos dando um passo importante para a
construção da paz. Isso, nós, como Igreja, queremos estar muito unidos a todos
vocês, Vereadores e Vereadoras, nesta Casa, onde certamente, juntos, queremos
trabalhar para construir melhor essa paz que tanto desejamos. Agradeço a
oportunidade de poder estar junto com os senhores para poder apresentar esta
pequena introdução à nossa campanha. Que possamos juntos nos integrar e juntos
construir verdadeiramente a paz que desejamos. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Obrigado, Dom Remídio. Esta Câmara Municipal agradece a presença e pede que V.
Exª Revma novamente tome lugar à Mesa.
No
espírito da Campanha da Fraternidade deste ano - “Só a justiça gera paz: ver,
julgar e agir” -, V. Exª Revma pode crer que não estamos apenas
vendo, não estamos apenas julgando; nós já agimos e vamos agir cada vez mais.
O
Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra.
Parabenizo o Bispo Dom
Remídio José Bohn, e mandamos um grande abraço, com certeza, ao nosso Arcebispo
Dom Dadeus Grings. Sucesso a todos vocês, vamos procurar fazer a nossa parte.
Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu
gostaria de, em nome da Bancada do Partido Progressista, constituída pelos
Vereadores João Antonio Dib, Beto Moesch e por este Vereador, dar as
boas-vindas ao nosso Bispo Auxiliar de Porto Alegre, Dom Remídio José Bohn, e
agradecer as suas palavras e o vídeo que o senhor colocou aqui, para que,
efetivamente, a gente possa refletir, pois a Campanha da Fraternidade é um
tempo de reflexão sobre os problemas sociais da nossa Cidade.
Quero
também cumprimentar o Ver. Aldacir Oliboni, que propôs seu comparecimento à
Casa; a solicitação foi aprovada pela unanimidade da Mesa Diretora. Como disse
o Ver. Oliboni, nós, Vereadores, precisamos refletir se a nossa ação está sendo
fraterna, e se essa fraternidade está gerando a justiça, a paz e também a
segurança da nossa sociedade. Nós, Vereadores, precisamos realmente nos
aprofundar nesses assuntos e ver que cada ação nossa reflete em um milhão e
meio de pessoas em Porto Alegre. Muito obrigado por nos dar a oportunidade de
refletir sobre este tema da nossa Quaresma. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Paulinho Ruben Berta está com a palavra.
O
SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Dom Remídio José Bohn,
que é Bispo Auxiliar de Porto Alegre, gostaria de colocar para os senhores o
seguinte: venho da periferia de Porto Alegre, do Bairro mais violento de Porto
Alegre, no qual se perdem muitas vidas. A respeito da campanha - faço parte
dela com toda a vontade -, quero lhe dizer o seguinte: paz e justiça têm que
ser feitas também com igualdade. A igualdade, no meu Bairro, representa manter
a vida, manter o direito das pessoas. No momento em que pessoas iguais recebem
desigualmente não existe paz: existe a violência, é o que existe lá.
No
Conjunto Residencial Rubem Berta, na região Rubem Berta, muitas vidas nós temos
perdido, embora o esforço de todas as pessoas, das autoridades, igrejas - todos
têm batalhado para isso. Mas a nossa grande dificuldade de diferença está no
ganho, pois uma pessoa que ganha apenas um salário mínimo não tem resultado
financeiro suficiente para manter a sua família; a desigualdade impera lá, e
começa a imperar a violência. Temos trabalhado com muitas pessoas, trabalhado
com muita vontade para poder fazer a igualdade, buscar a igualdade, buscar a
paz, buscar a segurança.
Mas,
enquanto um pai não consegue, muitas vezes, dar um chinelo de dedo para um
filho, o outro consegue dar um tênis de seiscentos reais; a diferença é muito
grande. Vai ser uma luta nossa, e estamos junto com o senhor, junto com a
Igreja, buscando essa igualdade, essa paz, essa justiça e essa fraternidade.
Muito obrigado, conte com este Vereador.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, queremos dar as boas-vindas a Dom Remídio, que vem aqui nos honrar
com a sua presença e falar sobre a Campanha da Fraternidade. Como se falou
muito da paz, eu quero dizer, Dom Remídio, que, infelizmente, alguns grupos
políticos, há algum tempo, começaram a fazer a pregação de uma liberdade muito
grande, que se transformou em uma libertinagem. Isso fez com que os nossos
jovens, infelizmente, se entregassem às drogas, porque essa liberdade total fez
com que famílias desmoronassem por completo. Esses grupos políticos, eu
acredito, chegaram à conclusão de que a pregação que eles faziam estava errada,
mas eles precisavam fazer essa pregação, porque queriam assumir o poder no
País, então eles precisavam fazer esse tipo de pregação. Em bom tempo a Igreja
Católica, que é uma das grandes lideranças que nós temos hoje em nossa
sociedade, faz esses grupos acordem, para que de repente vejam que isso que
eles fizeram foi uma grande destruição para a sociedade mundial. Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Ervino Besson está com a palavra.
O
SR. ERVINO BESSON: Caro
Presidente Adeli Sell, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; querido Dom
Remídio, Bispo Auxiliar; pessoas que compõe a Mesa e que acompanham a sua
visita, que considero de extrema importância no dia de hoje aqui na Câmara
Municipal, quem sabe a grande imprensa também pudesse mostrar o vídeo a que
assistimos, pois traz um visual e dados sobre o que representa a Campanha da
Fraternidade. Eu tenho certeza, Dom Remídio, que a apresentação do vídeo seria
de grande importância para nossa população, já que foi muito bem feito e
mostra, de uma forma muito clara, muito objetiva, o espírito da Campanha da
Fraternidade. Eu falo em nome da minha Bancada, Dom Remídio, composta pelos
Vereadores Mauro Zacher, Tarciso, Juliana, Dr. Thiago e por este Vereador. Este
é um momento muito importante para Câmara Municipal de Porto Alegre.
E
mais ainda: o vídeo, da forma como foi feito, mostra a situação da segurança, a
situação da paz e da justiça social. Portanto, em nome da Bancada do PDT,
agradecemos a sua visita. Que V. Exª Revma possa levar a nossa
mensagem de agradecimento a todos aqueles que se envolveram na elaboração desse
vídeo, leve também um abraço ao nosso Arcebispo Dom Dadeus. Tenho certeza de
que esse vídeo calará no fundo da alma das pessoas. Parabéns pela iniciativa,
que é de grande importância. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Bispo Remídio, receba
o nosso abraço, o nosso carinho, o nosso respeito, a nossa amizade. Em nome da
Bancada do PMDB, nós nos colocamos à sua disposição sempre. Que, através da
Igreja, nos sejam enviadas sugestões, para elas, nesta Casa, se transformarem
em projetos. Não tenha dúvidas quanto a isso.
No
vídeo, anotei a palavra conflitos, porque o conflito está generalizado. Eu
mesmo tenho um conflito terrível. Nas minhas orações - e sou um homem que reza
-, tento falar diretamente com o Cidadão do grau maior, numa tentativa
desesperada: como vamos convencer a todos, numa campanha meritória como esta,
de que a paz é o fruto da justiça? É uma campanha extraordinária, de rara
beleza e de grande profundidade emocional. No entanto, como convencer, se os conflitos
estão em toda parte? Onde não há conflito? Onde não há violência, pobreza? Onde
reina a paz? Em lugar nenhum. Em qualquer canto - aqui na esquina, em qualquer
lugar. Como vamos nos sentir seguros se as mentes pegaram outra estrada nos
caminhos da humanidade? E, agora, nessas estradas, até recolher as chamadas
ovelhas, fica complicado. O dinheiro e o poder são os complicadores da
realização deste sonho: a paz é fruto da justiça. O dinheiro e o poder,
buscados de qualquer maneira.
Então,
irmão em Deus, preguemos, sim, mais essa campanha e esperemos. E que todos
façam como eu: olhemos para o andar de cima, tentemos conversar com o Cidadão,
com o Velho lá - no bom sentido, com todo o respeito -, o mais malandro, que é
o dono da minha vida. Deus, só ele pode resolver. Pelo menos, a curto prazo, é
assim que eu vejo. Mas sucesso para todos nós, e há disposição desta Casa
sempre. A paz, sim, é o fruto da justiça, então que um dia ela realmente venha
com a ajuda Dele. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
O Ver. Airto Ferronato está com a palavra.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, demais pessoas
presentes; Dom Remídio, queria cumprimentá-lo pela presença; cumprimento também
o Ver. Oliboni pela iniciativa deste momento. Quero dizer da importância para
todos nós, autoridades em geral, dos momentos, das possibilidades de meditação,
de reflexão e de ver a realidade que nos envolve, na tentativa de buscar, a
todo momento, alternativas e medidas que venham minorar as dificuldades por que
passam os nossos irmãos no continente e no mundo afora. Em nome da minha
Bancada, a do PSB, cumprimento-os pela presença, pela importância deste
momento.
Na
verdade essa lógica - assim eu compreendo - da desigualdade, da injustiça foi
construída há milhares de anos pela mão humana. Até tem razão o Ver. Haroldo
quando fala numa solução imediata, mas quero dizer que nós, cidadãos e cidadãs
de bem, cidadãos e cidadãs que detêm mandato, que detêm algum poder, alguma possibilidade,
precisam, sim, estar permanentemente vislumbrando alternativas e medidas que,
com o passar dos tempos, invertam essa lógica, que para muitos é natural,
normal. Assim como existe aquele, como falou o Ver. Paulinho Rubem Berta, que
não tem recursos para comprar um chinelo, há outros que têm para os tênis de
seiscentos reais. Quero dizer da importância deste momento para a reflexão.
Necessário, sim, é buscar alternativas para minorar esse sofrimento, e a Igreja
Católica tem um papel relevante nessa ação, a qual sempre esteve junto. Um
abraço.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra.
O
SR. NELCIR TESSARO: Sr.
Presidente, em nome da Bancada do PTB, nós queremos cumprimentar o Dom Remídio,
Bispo Auxiliar; cumprimentamos também o Ver. Oliboni pela iniciativa. Com essa
Campanha da Fraternidade temos que, cada vez mais, fazer com que as diferenças
se tornem menores. No dia a dia, vemos tantas injustiças na Cidade, vemos
tantas famílias desabrigadas, sem uma casa para residir, e essas famílias
começam a deixar a crença de lado. Temos que buscar a solidariedade, pois com
ela poderemos fazer um pouco mais. E também não devemos esperar pelas Campanhas
da Fraternidade de cada ano para fazermos alguma coisa, pois muitas das vezes
essas pessoas necessitadas querem apenas que se estenda a mão, querem apenas
conversar e receber um caminho. Então, quero cumprimentá-lo por esta iniciativa
e dizer que também devemos fazer muitas e muitas campanhas para combater as
drogas nos bairros, nas vilas de Porto Alegre. A droga está destruindo a
família; a droga destrói o ser humano, e cada vez mais devemos combatê-la.
Parabéns.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Registro
a presença do Ver. Daniel Gomes, do PMDB, da cidade de Mossoró, Rio Grande do
Norte, sexto Conselheiro da União de Vereadores do Brasil. Honra-nos com a sua
presença aqui, seja bem-vindo à Capital dos Gaúchos e conte com o trabalho
desta Câmara. Leve um abraço ao povo querido do seu Estado, da sua cidade.
Registro a presença do Ver. Marco Barbosa, Vereador da Bancada do PSB, de
Cachoeirinha, nossa cidade vizinha.
Dom
Remídio, foi um privilégio para esta Câmara Municipal, nesta tarde de
quinta-feira, recebê-lo na divulgação da Campanha da Fraternidade deste ano,
campanha que fala da justiça geradora de paz, dizendo que nós devemos ver,
agir, e eu creio que, essencialmente, devemos julgar e agir.
Dou
por encerrado este comparecimento, agradecendo a Vossa Excelência Reverendíssima.
Leve desta Câmara Municipal a certeza de que faremos as ações que devemos fazer
cotidianamente. Obrigado.
Estão
suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h42min.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell - 14h44min): Estão reabertos os trabalhos. Dando continuidade à
Sessão Ordinária desta quinta-feira, tenho o privilégio de anunciar a presença
da Srª Sonia Sebenelo, que vai apresentar um estudo sobre gênero e poder.
A Srª Sonia
Sebenelo está com a palavra.
A SRA. SONIA
MARTINS SEBENELO: Boa-tarde, é um prazer estar aqui
no momento em que esta Casa oportuniza a publicação do meu trabalho, o meu
livro “Gênero e Poder - Possíveis Contradições no Processo de Emancipação
Feminina”, que é o resultado da minha dissertação de mestrado. Acredito que ele
tenha extrema relação com o tema tratado anteriormente, que foi a questão da
fraternidade, da família. No momento, especialmente no nosso País, no Brasil,
com as dificuldades econômicas, com dificuldades de educação e desenvolvimento,
a família encontra-se fragmentada, portanto temos um grave problema social.
O meu trabalho trata
da questão de gênero, que é também uma questão de conflito histórico entre
homens e mulheres, algo que, com o advento da democracia, com os avanços,
evidentemente vem melhorando, o panorama vem mudando. Espero que este estudo
possa ser uma referência para que novas ações, daqui para frente, possam ser
colocadas em relação à questão, porque, aparentemente, se tem a idéia de que,
como a mulher saiu do mundo privado e ascendeu à esfera pública, a questão de
gênero está resolvida. Mas efetivamente temos um panorama ainda bastante
precário e muito contraditório, embora a mulher tenha carreiras públicas,
bastante desembaraço e desempenho em relação ao poder. É um tema que,
acredito, interessa a esta Casa, foi aqui que fiz a minha pesquisa, com as
Vereadoras de Porto Alegre, foi uma das Casas em que a mulher ascendeu e se
posicionou em termos de poder político pela primeira vez. Em 1947, Julieta
Battistioli foi a primeira Vereadora de Porto Alegre. Vinte e cinco anos
depois, Dercy Furtado foi a segunda Vereadora. E, daí para frente, todo o meu
estudo se desenvolveu dentro desta Casa.
Eu agradeço a receptividade do Setor de Memorial,
um Setor extremamente organizado, muito rico, onde pude desenvolver todas as
pesquisas e apontamentos. Entrelaçados com os conteúdos teóricos que eu
pesquisei, consegui chegar a algumas análises que correspondem a todas as
colocações que atualmente estão nos jornais. Embora se pense que a questão está
resolvida, que a mulher já tem acesso, que já se modificaram as estruturas
históricas, na verdade as mulheres são maioria nas pastas sociais, o que,
dentro da ciência política, é considerado uma extensão do trabalho ou da
vivência familiar e do mundo privado. Na verdade, a mulher ainda não ascendeu
ao poder. Vão pensar que isso é polêmico ou contraditório, porque tivemos uma
mulher no Supremo Tribunal, como Presidente do Supremo. Temos várias mulheres
na América Latina como gestoras nas linhas de poder e poderíamos pensar, então,
que o caminho democrático está aberto. Mas, na verdade, a mulher ainda ocupa
pastas que são aquém das influências efetivamente políticas e de poder na área
da economia, nos cargos de poder e nas universidades. Nos centros de pesquisa,
a mulher ainda ocupa espaços ainda bastante reduzidos. Todas as ciências de
ponta são ocupadas por figuras masculinas.
O meu estudo instiga o seguinte: que não mais nas
estruturas históricas se vá buscar o caminho a empreender, e sim, agora - uma
vez que a mulher já percebeu que abriu esse caminho -, que ela busque na sua
própria subjetividade, pois, apesar de cinquenta, sessenta anos de feminismo,
parece que as mulheres ainda não modificaram essa posição subjetiva. Eu sou
psicóloga, sou psicoterapeuta, há trinta anos trabalho em consultórios com
famílias, com casais e com psicoterapia individual, daí o meu interesse em
buscar uma complementação nas ciências sociais - foi onde eu fiz a minha
dissertação -, para
configurar essa percepção contraditória que, acredito, daqui para a frente,
deva ser mais investigada.
Aqui
nós temos o jornal Folha de São Paulo, do dia 07 de março de 2009. (Mostra o
jornal.) (Lê.) “A Deputada Federal Luiza Erundina argumenta ser necessária a
adoção de políticas efetivas de incentivo à entrada feminina na política. A
Deputada tem um Projeto para reservar 30% do Fundo Partidário a programas
dedicados a mulheres na política.” Mas eu acredito que só se trata das questões
históricas, da ruptura, da desigualdade. Penso que agora se deva tratar mais em
investir, por exemplo, em programas que instiguem mulheres a entrar na
política, para que elas também tenham a percepção do quanto elas próprias podem
estar não atendendo, digamos assim, à possibilidade da entrada no mundo político.
Eu não acredito mais que sejam os homens que as impeçam; creio que agora são as
próprias mulheres que ainda não se aperceberam que o caminho está aberto.
Então,
apesar de a Lei nº 9.504, de 1997, da Deputada Federal Marta Suplicy,
determinar que as coligações preservem 30% das candidaturas a um dos sexos; os
números indicam que a norma não é cumprida, mas isso é uma leitura que pode
implicar contradições. Não é cumprida, porque as próprias mulheres não buscam
se candidatar por uma série de razões, acho que hoje mais subjetivas do que
objetivas. E o nosso País aparece numa posição precária em relação a 188 países
com participação feminina na política; o Brasil ocupa um lugar muito mínimo,
fica atrás do Afeganistão, Iraque e Quênia. Já na América do Sul, ele está à
frente apenas da Colômbia.
Então,
acredito que o meu estudo - e daí o meu agradecimento de esta Casa tê-lo
publicado - poderá servir como consulta e também como uma referência para os
novos passos, principalmente no sentido de os Partidos fazerem trabalhos para
preparação ou a motivação das mulheres em relação à ocupação de cargos
públicos.
Muito
obrigada, foi um prazer ter estado aqui, ter feito a pesquisa nesta Casa. Neste
momento, eu agradeço a todos. Obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado. Nós
ouvimos a exposição da Srª Sonia Martins Sebenelo, autora deste estudo sobre
gênero e poder. O livro, que será distribuído e depois trabalhado nas escolas,
é fruto de um trabalho desta Casa, do seu Memorial. Para não citarmos todos os
nomes dos servidores do Memorial, queria apenas dizer ao Jorge Barcellos e à
sua equipe que continuem assim, porque nós já tivemos outras publicações sobre
esta Câmara Municipal. Temos um outro estudo, Sonia, interessante também, sobre
nomes de ruas femininos, e esse seu trabalho integra a semana que esta Casa faz
em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Nós fizemos, recentemente, um
debate aqui na Câmara com as quatro Vereadoras e pretendemos ainda neste ano,
se possível, trabalhar mais alguns temas atinentes à mulher. Lembro, inclusive,
que neste ano comemoramos os 25 anos do Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher, um programa essencialmente importante para a saúde da mulher.
Sem mais delongas, passamos a palavra às Lideranças
que desejarem se expressar sobre o tema, para que, logo em seguida, possamos
ouvir o Sr. Omar Ferri Júnior, do Procon Municipal.
A Verª Maria Celeste está com a palavra.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, é um prazer receber o livro da nossa querida Sonia Sebenelo,
que, de certa forma, usou a bancada feminina desta Casa como objeto de sua
pesquisa. Na época, no ano de 2000, compúnhamos uma bancada de cinco Vereadoras
nesta Casa e, em 2004, chegamos a ter sete Vereadoras; hoje nos entramos numa
situação de retrocesso na participação feminina desta Casa Legislativa, tendo
em vista a redução da bancada feminina para apenas quatro Vereadoras. Então,
essa reflexão que a senhora faz no livro, as ponderações, considerações sobre a
exigência que tem a participação das mulheres especialmente no espaço da
política, para nós é de suma relevância e importância.
Portanto, quero a parabenizar pela iniciativa,
tendo em vista a diminuição dos nossos espaços de poder. A pesquisa que a
senhora apresentou também mostra que o Brasil tem um dos piores desempenhos do
mundo em termos de participação de mulheres nos Parlamentos, especialmente;
embora estejamos já à frente de alguns importantes Executivos também em nosso
País, ainda estamos muito longe da situação ideal. Parabéns pela pesquisa. Nós nos colocamos à disposição e
queremos estar aqui, sim, trabalhando junto com estes homens aqui da Câmara
Municipal, companheiros de luta em muitas questões das mulheres, porque só
assim estaremos avançando e, de fato, compondo, quem sabe, na próxima
Legislatura, uma bancada feminina maior do que esta. Lamentavelmente acabamos
retrocedendo no último período. Parabéns pelo trabalho, pela pesquisa e por
estar conosco, devolvendo este trabalho para a Câmara Municipal, algo que serve
de referência, inclusive, para o movimento de mulheres da cidade de Porto
Alegre.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado,
Verª Maria Celeste.
A
Verª Juliana Brizola está com a palavra.
A
SRA. JULIANA BRIZOLA: Eu
quero dar os parabéns à Sonia Sebenelo pelo trabalho. Sonia, eu gostei muito da
parte em que tu ressaltas a importância da participação política da mulher, já
que somos mais da metade da população. E também gostei muito quando tu colocas
que deveria existir uma ação dos Partidos políticos, mas uma ação que fosse
verdadeira, com uma preparação da capacitação, para que a mulher se encontre
mais motivada a participar da política, e não como acontece hoje em dia, em que
os Partidos políticos procuram as mulheres ali no final, única e exclusivamente
para preencher os 30% obrigatórios por lei.
Então,
Sonia, mais uma vez, quero te dar os parabéns pelo trabalho. Só lamento na
época não estar na Casa para também fazer parte. Eu tenho certeza de que isso
vai me ajudar bastante, vendo a participação das outras mulheres desde outros
tempos. Parabéns mais uma vez!
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; é uma satisfação imensa estar recebendo hoje aqui
a nossa querida amiga Sonia Sebenelo. É uma pena que o meu amigo Sebenelo não
esteja aqui compondo este Plenário, ele, que deu tantas contribuições,
principalmente no terreno da Saúde, durante o tempo em que ficou aqui como
Vereador.
Sonia,
eu recebi o teu livro. Ainda não o li, apenas ouvi o que colocaste. Quero ler
primeiro para depois falar alguma coisa a respeito do que escreves aqui como
tese. Mas quero dizer que mulheres tão qualificadas como tu e como as que eu
conheço aqui neste Parlamento têm que estar ocupando realmente os lugares do
ápice da sociedade. Eu acho que tanto faz, mulheres como homens, os mais
qualificados devem estar realmente no comando da sociedade. Creio que não deve haver
a concepção de que tem que ser mulher ou tem que ser homem, pois, se for
qualificado, pode ser mulher ou pode ser homem, mas os mais qualificados é que
têm que estar exercendo suas funções tanto no Parlamento como no Executivo, no
Judiciário, nos locais de mando da sociedade.
Você é uma pessoa que admiro demais, sei das suas
qualidades, realmente acredito que a contribuição que trazes é exatamente para
que possamos ter uma sociedade bem melhor.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Haroldo
de Souza está com a palavra.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Srª Sonia Martins Sebenelo, é muito bom vê-la aqui. Um abraço ao
nosso querido Sebenelo, de quem sentimos falta. Tenho a certeza de que este
livro será de extraordinária importância para a mulher, mas preciso fazer uma
correção aqui, porque, em 1978, eu conheci a Nega Diaba, antes do Sérgio
Zambiasi, ali na ex-Cabo Rocha, na Rua Vieira da Costa, e eu tinha
relacionamento com a Nega Diaba. Ela foi tudo na vida: prostituta, drogada, ela
mordia uns troquinhos da gente: “Arruma dez aí prá mim!”, mas teve uma postura
muito boa aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre. Ela fazia declarações de
amor aos homens com quem sonhava com bilhetinhos, coisa linda, era uma mulher
atrevida! Agora, há uma coisa: ladra, não. Eu gostaria muito que o sucesso
deste livro fosse calcado na reparação de uma verdade. Este texto que está aqui
diz que ela era ex-prostituta, tudo bem; ex-drogada, tudo bem; ex-bandida,
ex-malandra, ex-mulher, tudo o que puder e quiser falar da minha querida e
saudosa amiga, tudo bem. Agora, ladra, roubar, não! Era esse o reparo que eu
queria fazer. Desejo todo o sucesso para a senhora com seu livro, mas o que
está aqui na página 108, infelizmente, é uma falha. A Regina, do Partido
Trabalhista Brasileiro, o pessoal do PTB, enfim, as pessoas que realmente
conheceram a Nega Diaba; eu a conheci naquela vila, pois eu frequentava a vila,
eu dividia os momentos com essas pessoas... Roubar, não! O restante eu assino
embaixo. Sorte com o seu livro. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Toni
Proença está com a palavra.
O SR. TONI PROENÇA: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
eu quero cumprimentar a Sonia Sebenelo pelo seu trabalho e dizer à senhora que
uma especial fala sua me tocou muito, que é de como estabelecer políticas
públicas que possam ajudar as mulheres a superar as questões subjetivas, já que
as históricas evoluíram muito nos últimos anos. E nós, aqui na Câmara, temos o
exemplo não só do trabalho que V. Exª estabeleceu, como, agora, nesta
Legislatura, com as quatro companheiras, brilhantes companheiras que se somam a
nós - ou nós nos somamos a elas - neste trabalho na Câmara Municipal. O que é preciso
é nos debruçar sobre uma maneira de provocar políticas públicas que possam
vencer dificuldades subjetivas. Só por essa constatação, já me serviu de muito
e me valeu muito a sua presença aqui hoje. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Nilo
Santos está com a palavra.
O SR. NILO SANTOS: Sr.
Presidente, quero, neste momento, dar as boas-vindas à Sonia Sebenelo e também
seguir na mesma linha do Ver. Haroldo de Souza. Como essa Vereadora foi do
nosso Partido, eu gostaria também de, neste momento, dar total apoio à fala do
Ver. Haroldo de Souza quanto ao dito “ex-ladra” e “primeira mulher a traficar
drogas em Porto Alegre”. Nós precisamos de uma prova disso aqui, porque isso
não eleva em nada a nossa querida e saudosa Tereza Franco. E aqui também há um
outro erro: ela não assumiu aos 49 anos de idade, mas, sim, aos 63 anos. Então,
solicitamos que seja retirado do livro as expressões “ex-ladra” e “primeira
mulher a traficar drogas em Porto Alegre” e que a correção da idade seja feita.
Enquanto não houver essa correção, decidimos aqui, como Bancada, não ficarmos
com este livro, até que seja feita essa correção. Gostaríamos de devolvê-lo
neste momento. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Drª Sonia
Martins Sebenelo, é muito importante o livro produzido, tratando de possíveis
contradições no processo de emancipação feminina e mostrando a história
daquelas mulheres que participaram na Câmara, como Vereadoras, quer seja como
Titulares, quer seja como Suplentes, até 2004. E, depois de 2004, teríamos um
número um pouco maior, que, evidentemente, numa próxima edição, será acrescido.
De qualquer forma, é importante até porque traz a história da cidade de Porto
Alegre, traz dados muito precisos. Eu a cumprimento e desejo muito sucesso
sempre. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado,
Ver. João Antonio Dib. Eu estou sendo informado pelo Jorge Barcellos, do
Memorial, que serão feitas as verificações. Se houver algum erro ou equívoco,
ele será devidamente corrigido através de uma errata.
A
Srª Sonia Martins Sebenelo está com a palavra.
A
SRA. SONIA MARTINS SEBENELO: Novamente,
confirmo o meu agradecimento por este momento, por esta iniciativa da Casa, que
me honra muito. Eu gostaria, em relação às observações que foram feitas, que se
desse uma olhada nos arquivos do Memorial, porque, naturalmente, esses dados
não fui eu que criei. Esses dados constam de arquivos, provavelmente, jornais.
Realmente, nesse aspecto, em relação à Verª Nega Diaba, não sei a fonte, apenas
encontrei esses materiais no Memorial. Então, eu não tenho como confirmar;
realmente não sei o histórico efetivo, se ela foi uma ladra.
De
qualquer maneira, não acredito que a desmereça; ao contrário, meu marido, o
Ver. Claudio Sebenelo, a admirava muito, ele começou nesta Casa com a
Vereadora, que sempre foi extremamente respeitada na nossa Casa, até pela
postura dele e pela simpatia que ela lhe despertava, justamente por ser uma
mulher de uma origem extremamente humilde, com todas as dificuldades. Não sei
se isso é efetivo ou não - isso consta dos arquivos que pesquisei -, mas não
acredito que a desmereça; pelo contrário, acredito que a enalteça por ter
chegado a participar desta Câmara como uma mulher que exerceu algum poder e
alguma influência política. Então, eu aceito o repúdio de vocês, porém acredito
que foi ideologizada a colocação em ato político, quando, na verdade, isto aqui
é uma pesquisa científica e não tem essa conotação. Então, gostaria que
pudéssemos observar no Memorial, no Setor de Arquivo, quais as fontes que
geraram essas observações, mas não acredito que elas desmereçam a Vereadora,
pelo contrário, acho que salientam a sua personalidade e a sua força.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Obrigado, Sonia. Eu falo para as Lideranças e para as pessoas que tiverem
alguma questão: depois, vejam com a Sonia, com o pessoal do Memorial, com o
próprio Jorge, pessoas extremamente diligentes que vão verificar essas
questões.
O
Ver. Nilo Santos está com a palavra.
O
SR. NILO SANTOS: Sr.
Presidente, apenas para deixar bem claro que não foi um movimento político nem
ideológico o nosso movimento de devolução dos livros, apenas sabemos que o que
está escrito vai ficar registrado para a posteridade. Nós queremos apenas uma
correção, é somente isso que queremos, sendo que ela foi uma Vereadora que
pertencia ao nosso Partido. Não há movimento político nisso, é apenas uma
correção, para na posteridade haver informações corretas. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Eu já abri o canal de diálogo entre as partes.
O
Ver. Valter Nagelstein está com a palavra.
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Presidente,
eu preciso me solidarizar à Drª Sonia Sebenelo, pedindo desculpas à Bancada do
PTB, mas...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Pedindo
desculpas, Vereador...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Presidente...
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Eu peço silêncio ao Plenário. O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra.
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: O
senhor me assegura a palavra, Vereador?
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Não
é uma Questão de Ordem nem um Requerimento...
(Manifestação
fora do microfone do Ver. DJ Cassiá. Inaudível.)
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Não
é uma Questão de Ordem! Eu não estou falando pela Bancada do PTB, V. Exª não
ouviu o que eu disse? Eu não estou... (Som cortado, conforme determinação da
Presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Eu peço silêncio no plenário! Não é o momento para incidentes, não são Questões
de Ordem...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Não, não vou garantir a palavra para uma discussão que não está...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Não há argumento para registro no nosso Regimento. Se o senhor quiser usar o
tempo de Liderança pelo Governo, ele está franqueado por cinco minutos.
O
Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo
Governo.
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Olha,
eu quero registrar que, na sexta-feira, Drª Sonia, nós tivemos um evento
muito bonito aqui na Câmara de Vereadores. O evento foi promovido pelo Ver.
Nereu D'Avila, no qual foram homenageadas mulheres que fazem a diferença. E,
dentre essas mulheres, Ver. João Dib, que fazem a diferença, estava a mulher do
Dr. Paulo Olímpio Gomes de Souza, que faz um trabalho belíssimo na recuperação
de apenados, de ex-presidiários. Então acho, particularmente, é uma opinião
minha, que não há demérito nenhum a pessoa, eventualmente, ter cometido algum
delito, algum crime na vida; muito antes pelo contrário, é um mérito muito
grande alguém que cometeu algum crime conseguir se recuperar e encontrar no
seio da sociedade pessoas que estendam a mão e que ensejem, efetivamente, essa
recuperação. Então eu quero dizer que não vejo demérito se isso está escrito.
Agora,
quero dizer que não falei em nome da Bancada do PTB, DJ Cássia, V. Exª não
compreendeu ou, se ouviu o que eu disse, não quis entender; eu não falei, não
tenho autoridade nenhuma para falar em nome da Bancada do PTB, não falei! Este
livro é um estudo, é um trabalho de uma pesquisadora que teve o apoio da nossa
Câmara de Vereadores, e, se as informações estão aqui constantes, elas foram
buscadas no Memorial da Câmara. Eu fiquei muito chocado - quero dizer de
público - com a atitude de V. Exas, que são cavalheiros. Pareceu-me
uma atitude de extrema grossura, de mau gosto, fiquei constrangido com essa
atitude, Ver. Nilo - perdoem-me ter que manifestar isto: a Bancada toda sair e
fazer isso como um gesto de repúdio a uma pesquisa. Se a Drª Sonia fez aqui
constar é porque de fato estão lá essas informações no Memorial da Câmara -
acho que haveria formas melhores de se fazer isso. No momento em que abrimos a
nossa Casa, recebemos aqui um convidado e temos uma atitude como essa...
Parece-me inapropriado. Este é o registro que eu quis fazer e volto a dizer:
não estou falando em nome da Bancada do PTB, obviamente não, estou falando pelo
tempo que me cabe, porque anteriormente o Ver. Adeli Sell não me concedeu,
falei com o Diretor-Geral da Casa, e, regimentalmente, é o tempo para que a
Liderança do Governo fale.
Queria
dizer, porque isso parece que ficou nublado, o verdadeiro intuito do livro é de
gizar, ressaltar - e todos nós temos que ressaltar - e aplaudir o papel da
mulher na sociedade como agente política, como intelectual, como professora,
como mãe, como companheira e tudo que a mulher representa para todos nós. Não
fossem as mulheres, nós não estaríamos aqui! Então, é isso que eu quis dizer,
achei que o gesto foi, com todo o respeito, meus companheiros, meus colegas
Vereadores, inoportuno, não gostei. Como sou um par de V. Exas, sou
Vereador assim como V. Exas, quando fazem um gesto desses aqui
dentro do plenário, também me sinto ofendido.
E,
desculpe-me, Ver. DJ Cássia, quando V. Exª quiser me cercear a palavra e vier
dessa forma para cima de mim, da mesma forma que V. Exª se dirigir a mim será a
minha resposta. Muito obrigado e todo o respeito a Vossas Excelências.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; minha querida amiga Sonia Sebenelo, aproveito para
cumprimentar o filho de um amigo que admiro muito, Omar Ferri, que já brilha
com luz própria e está também hoje, aqui, honrando esta Casa.
Eu
quero dizer para meus amigos da Bancada do PTB o seguinte: quando a Nega Diaba
foi Vereadora aqui na Câmara de Vereadores, eu era Líder da Bancada do PTB, e
nós nos sentávamos juntos. Realmente, ela era uma mulher de uma dignidade
fantástica quando passou aqui por esta Casa - eu tenho todos os elogios a fazer
à Nega Diaba. E aproveito esta oportunidade em que falo da Nega Diaba para
dizer que, se há um Partido a que eu devo agradecimentos na minha história
política, é exatamente o PTB. Pelo PTB, fui duas vezes Presidente desta Casa e
estive aqui doze anos como Vereador. Tenho uma admiração imensa pelo PTB e
acredito que tenho amizade com todos os senhores que pertencem a essa Bancada,
independente de sermos Vereadores, e, quando não formos mais, quero continuar
amigo de Vossas Excelências.
Eu
conheço esta senhora que aqui está, a Dona Sonia Sebenelo, que tem uma
qualidade moral e cultural imensa. Eu posso dizer, com toda certeza, que ela
não merecia esse ato de repúdio da forma como foi feito. E tenho um respeito
muito grande por todos os senhores, mas peço que os senhores possam rever essa
atitude. O que a Srª Sonia fez foi simplesmente divulgar no seu livro uma tese
e uma pesquisa. Aquilo que está escrito em relação à Nega Diaba, minha querida
Nega Diaba, e as outras mulheres que ali estão - a Verª Maria Celeste está ali
citada, outras mulheres daqui estão ali citadas no livro -, baseia-se em dados
de pesquisa. Ela não foi buscar em lugar nenhum, não inventou dados, ela teve o
cuidado de pesquisar - até os dados que são contidos aqui na Câmara Municipal -
e divulgou esses dados no seu livro. Então, Ver. Nilo Santos, por toda a
consideração que tenho por V. Exª e por todos os companheiros, por todo o
carinho que tenho pelo PTB, meu Partido durante doze anos, eu pediria que V. Exas
refletissem, conversassem entre os senhores e pudessem, realmente, desfazer
esse ato, porque eu tenho certeza absoluta de que isso não é característica dos
senhores. Vossas Excelências, e eu vejo aqui no plenário, sempre agiram de
forma cortês, não gostariam, eu tenho certeza absoluta, de fazer com que essa
relação com a escritora Sonia, a psicóloga, fosse realmente feita nesse
diapasão.
Minha
querida Sonia, conheci a Nega; sei do carinho que você tinha por ela, que o
Sebenelo tinha por ela. A Nega Diaba passou por aqui, honrou esta Casa, fez com
que nós todos pudéssemos conhecer, talvez, um pedaço da sociedade que temos
dificuldade de conhecer, ela mostrou esse pedaço da sociedade para nós aqui. E
eu lembro muito bem, Ver. Adeli Sell, a primeira vez que a Nega Diaba se
atreveu, ousou, Ver. João Dib, levantar da sua poltrona e vir até a tribuna.
Ver. Valter Nagelstein, parecia que ela carregava o mundo inteiro nas costas
quando caminhava da sua bancada até esta tribuna. Ela usou a tribuna várias
vezes, e, com toda certeza, nos registros desta Casa, a memória da Nega Diaba
sempre será dignificada. Eu quero aproveitar, Sr. Presidente, para cumprimentar
a Sonia e pedir que os meus amigos, meus queridos amigos do PTB, possam refazer
um ato que não é, realmente, da característica de nenhum deles.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. NILO SANTOS: Exmo
Sr. Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores,
Sras Vereadoras, senhores e senhoras que nos acompanham nesta tarde,
na realidade nós estamos falando da história de uma Vereadora do Partido
Trabalhista Brasileiro, e é o Partido Trabalhista Brasileiro quem deve, neste
momento, achar se está sendo justa esta homenagem ou não. Quem decide dentro da
Casa do nosso Povo somos nós; quem se sente atingido ou não somos nós. Quem
quiser se solidarizar tem todo o direito, mas não tem o direito de nos
criticar. De forma alguma, Sonia, estamos dizendo que o seu trabalho não foi um
bom trabalho; as informações que lhe passaram estão equivocadas, e, se algum
Vereador aceita ficar com informação equivocada no livro, Ver. Luiz Braz,
paciência. Se eu vou ter um livro que vai dar informação de uma Vereadora do
meu Partido, eu quero uma informação que seja correta, verdadeira. Eu não quero
um livro que diga que a Vereadora do meu Partido assumiu com 49 anos, sendo que
ela assumiu com 63 anos! Eu não posso aceitar um livro que diz que uma
Vereadora do meu Partido, que não tinha vergonha de dizer que veio da vila, que
praticou muitas coisas... Mas ela não aceitava ser chamada de ladra! Eu não
posso aceitar um livro, Ver. Luiz Braz, que diz que essa mulher é uma ex-ladra!
Eu não estou criticando o trabalho, eu não estou desvalorizando as mulheres,
até porque o PTB sempre teve mulheres dentro da sua Bancada, temos mulheres
maravilhosas, como todos os Partidos as têm.
O
nosso gesto, Ver. Valter Nagelstein, de devolver os livros - eu ainda fui bem
claro, se o senhor não ouviu - é para que se façam as correções devidas.
Portanto, eu não aceito crítica à nossa Bancada sem ouvir por completo o que
está sendo dito, e a nossa Bancada não é de meninos malcriados ao ponto de
chegar alguém na tribuna e achar que tem o direito de urinar em cima da nossa
cabeça! Há Liderança neste Partido, há homens com voz neste Partido, e nós não
aceitamos que tentem nos humilhar dessa forma nesta Casa. O senhor pode se
solidarizar... Este é um trabalho ótimo, só que as informações que lhe
passaram, Sonia, não são corretas. Devolvemos os livros para que se façam as
devidas correções. Parabéns às mulheres que passaram por esta Casa! Parabéns à
Tereza Franco! Parabéns a essa mulher, mas a história dela... Quando posteridade
pegar este livro para ler, esta vai ter que ser uma história verdadeira, real;
não uma meia história, meia verdade. Senhoras e senhores, em momento algum a
nossa Bancada desrespeitou a Sonia, em momento algum a nossa Bancada
desrespeitou as mulheres. O que nós estamos querendo neste momento é que a
justiça seja feita com uma Parlamentar que já faleceu e que não está aqui para
se defender.
Outra
coisa: eu não aceito, Ver. Valter, que o senhor, como Líder do Governo, use o
tempo de Liderança de Governo para vir tentar nos dar chineladas. O tempo de
Governo é um tempo sagrado, e o senhor não esqueça de que fazemos parte dessa
composição. Eu não aceito! Eu não aceito que o senhor use o tempo de Liderança
do Governo para tentar fazer um movimento político em prol das mulheres. Outros
Partidos poderão amar as mulheres, como nós amamos as mulheres do nosso
Partido, que são respeitadas, outros poderão amá-las, mas nós também as amamos.
Verª Maria Celeste, a senhora como Líder do PT... Quero lhe dizer que, de forma
alguma, atingimos a Sonia e as mulheres também. Estamos protestando neste
momento, porque esta Casa, se lhe passou as informações, tem obrigação de ter
as informações corretas sobre a história de uma Vereadora. É vergonhoso, até
neste momento, a Casa ter informações equivocadas sobre uma mulher que foi
Vereadora nesta Casa e que representou as camadas mais pobres desta Cidade.
Sinto muito. Deixo aqui o meu protesto e espero que o Memorial possa fazer
essas correções. Espero que esses livros sejam devolvidos neste momento para
que essas informações equivocadas não sejam transmitidas à posteridade.
Obrigado, senhoras e senhores.
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. MARIA CELESTE (Requerimento):
Quero dizer que, no que consta à parte da minha pesquisa realizada, os dados
estão corretos. Pode ter havido algum problema em relação especificamente aos
dados da pesquisa com relação à Tereza Franco. É importante também nós lermos
todo o conteúdo do histórico dela, inclusive, com manifestações do Deputado
Irandir Pietroski, com manifestação do então Vereador-Presidente desta Casa
Luiz Fernando Záchia, quando da morte da nossa querida Vereadora. Irandir
Pietroski, do PTB, diz: “O Estado perde uma mulher de coração nobre...”
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Vereadora,
o Requerimento.
A
SRA. MARIA CELESTE: Vou
concluir, com a sua tolerância... Se o Ver. Nilo Santos se acalmar. Concluo:
“...uma mulher de coração nobre, era analfabeta, mas diplomada na escola da
vida”. Então, será importante que a Casa - e aí esta minha solicitação como
Requerimento - faça uma errata, imediatamente, dessa questão colocada pelos
Vereadores, com certeza, para que a gente traga à luz a luta dessa mulher
especificamente, mas também de todas as outras da nossa Casa, o que ficou muito
bem contemplado neste livro. Muito obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Já
está devidamente acordado e aceito o canal de diálogo entre as partes, e o
nosso Memorial, sempre atento, vigilante, naquilo que couber, fará as devidas
correções.
Eu
queria agradecer, minha cara Sonia Sebenelo, a sua presença e a sua
colaboração. Esta Casa se sente muito honrada em recebê-la com este seu
trabalho. Tenha um bom trabalho e sucesso na sua carreira! (Pausa.)
Estamos
em comparecimento. Tivemos aqui a presença de Dom Remídio, que nos falou da
Campanha da Fraternidade; de Sonia Sebenelo, com o lançamento dessa pesquisa
acerca de gênero e poder nesta Casa. Agora, para nossa alegria, nós decidimos,
na Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, sob a liderança da Verª
Juliana Brizola, convidar... Conversamos com o Presidente, Ver. Melo, e achamos
melhor que o Coordenador do Procon Municipal, o Dr. Omar Ferri Júnior, viesse
em comparecimento para falar a todos os Vereadores, até porque o Procon acabou
de comemorar um ano de atividade em Porto Alegre. Temos uma feira no final de
semana e, no outro final de semana, dia 15, teremos o Dia Internacional de Defesa
do Consumidor.
O
Sr. Omar Ferri Júnior, Coordenador do Procon Municipal, está com a palavra.
O
SR. OMAR FERRI JÚNIOR:
Ver. Adeli, Presidente dos trabalhos; demais Vereadores que compõem esta atual
Legislatura, eu queria, antes de começar, Sr. Presidente, fazer uma homenagem
ao meu pai, que foi Vereador desta Casa juntamente com o Ver. Dib, o Ver. Braz,
o Ver. Besson e o Ver. Valdir Fraga, ex-Presidente desta Casa. Eu queria deixar
esta homenagem nesta tribuna, que muitas vezes foi utilizada pelo meu pai em
grandes debates nesta Câmara de Vereadores. Fica aqui então uma homenagem ao
meu pai, o ex-Vereador Omar Ferri.
Sr.
Presidente, nosso Procon de Porto Alegre comemorou agora, no dia 03 de março,
com a visita oficial do Sr. Prefeito Municipal, um ano de atividades. Eu
queria, antes de falar dos 18 anos do Código e também do Dia Internacional do
Consumidor, prestar contas da atuação do Procon durante esse primeiro ano de
atividade. Pediria que fossem passados os primeiros eslaides. (É feita a apresentação
de eslaides.) Gostaria de falar um pouco da estrutura, da qual todos os
Vereadores aqui sabem, porque votaram essa legislação. Aliás, é uma legislação
bastante avançada na área da defesa do consumidor, porque o que foi criado não
foi somente o Procon de Porto Alegre, mas, sim, uma estrutura chamada Sistema
Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor, composto pelo Procon, que é
efetivamente o órgão executivo e, portanto, o mais falado, o mais publicado em
jornais, o nosso Procon de Porto Alegre. Também temos o Conselho Municipal de
Proteção e Defesa do Consumidor, que é, na realidade, o órgão que traça as
políticas de relação de consumo de defesa do consumidor na nossa cidade de
Porto Alegre. Há também o Fundo Municipal de Direitos Difusos, que é o fundo
encarregado não só da dotação orçamentária do Município, mas também das multas
que são aplicadas pelo Procon, dos compromissos de ajustamento de conduta que
são realizados pelo Procon; enfim, todos os valores que ingressam por
intermédio das atividades do Procon são encaminhados para o Fundo Municipal de
Direitos Difusos.
Quanto
à competência do Conselho, eu queria, especificamente, dizer que o Conselho é
um órgão de muita importância ao Procon. Ele é responsável por traçar as
políticas de defesa do consumidor, e todos os valores - por enquanto nós não
temos nenhum valor no Fundo - serão repassados ao Fundo Municipal de Direitos
Difusos, e eles somente serão liberados por meio da reunião do Conselho e pela
deliberação de todos os membros do Conselho Municipal de Direitos Difusos. Eu
queria aqui relacionar as entidades que fazem parte do Conselho: a Câmara
Municipal de Porto Alegre, por intermédio da Comissão de Defesa do Consumidor,
Direitos Humanos e Segurança Urbana; o Procon de Porto Alegre; a Defensoria
Pública do Estado; a Procuradoria-Geral do Município, a nossa PGM; a Secretaria
Municipal da Produção, Indústria e Comércio; a Secretaria Municipal da
Educação; a Secretaria Municipal da Saúde; a Secretaria Municipal do Meio
Ambiente; o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado, o nosso
Sinduscon; o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração
de Imóveis Residenciais e Comerciais, o Secovi; a UAMPA; a Brasilcon, uma
entidade nacional de defesa do consumidor; o Fórum Estadual de Defesa do
Consumidor; o Movimento das Donas de Casa do Estado do Rio Grande do Sul; o
Sindilojas, representando os lojistas, representando os fornecedores; o
Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, representando os consumidores; o
Sindicato dos Varejistas do Material Ótico, Fotográfico e Cinematográfico do
Estado, o Sindiótica. Todas essas entidades fazem parte do nosso Conselho e
deliberam na aplicação do recursos do Fundo nas atividades do Procon e nas
atuações que o Procon faz em Porto Alegre na relação de consumo.
O
Procon iniciou suas atividades no dia 03 de março do ano passado, portanto
completou agora um ano de atividade. Nós tivemos a presença do Sr. Prefeito
Municipal, do Sr. Idenir Cecchim, Secretário da Produção, Indústria e Comércio,
iniciando as atividades do Procon, que se situa na Av. dos Andradas nº 686, no
prédio onde funciona a Secretaria da Educação, a Secretaria da Juventude e a
FASC. Nós recebemos, na parte da frente desse prédio, um espaço, em que tivemos
que fazer alguns projetos de reforma e, também, por meio das licitações,
pudemos dotar o Procon de Porto Alegre dos instrumentos necessários para a sua
implantação e para o seu funcionamento.
No
dia 15 de março do ano passado, no Dia Internacional do Consumidor, o Procon de
Porto Alegre lançou a sua página na Internet. Após um mês de lançamento da
página, constatamos que mais de cinco mil consumidores já tinham ingressado
nessa página da Internet, motivo pelo qual pedimos à PROCEMPA que fosse feita a
averiguação para ver se efetivamente aquele número - cinco mil usuários em
apenas um mês - era correto ou não. Para a nossa satisfação, a PROCEMPA, nos
estudos que realizou, disse que efetivamente cinco mil consumidores acessaram o
nosso site e houve mais de quinze mil navegações. E mais uma informação
que eu obtive nesta semana: a nossa página na Internet já ultrapassa hoje
cinquenta mil acessos em apenas um ano e mais de cento e trinta mil navegações.
São dados extraordinários de como se pode, por meio de uma página na Internet, alcançar
tantos consumidores.
Nós
tivemos, como eu disse, quase cinquenta mil consumidores. O que chama a atenção
é a informação do consumidor. Desses cinquenta mil, oito mil e quinhentos
consumidores acessaram a página passo a passo do Procon, em que existem
informações necessárias e básicas ao consumidor de como realizar a sua
reclamação perante o órgão. As dicas ao consumidor foram muito acessadas,
também as perguntas e respostas, que é um tipo de bate-pronto ao consumidor, em
que ele tem informações importantes. Foram cento e vinte e três mil navegações.
Então, são dados grandes, motivo de orgulho para o Procon.
Mas
o Procon não atende somente os consumidores em Porto Alegre; aliás, o Procon de
Porto Alegre não é somente um balcão de reclamação dos consumidores. Nós, por
meio de vários convênios, podemos realizar um outro tipo de trabalho, que, para
mim, é o mais importante, mais necessário que o Procon presta à comunidade e
aos consumidores: é a questão da educação, da informação e da conscientização. O
Manual do Consumidor Consciente foi realizado pelos funcionários do Procon, e
nós já distribuímos cerca de sessenta mil exemplares. Vamos distribuir agora,
numa feira que vai se realizar nos dias 14 e 15, sábado e domingo,
provavelmente mais dez mil exemplares. Fizemos com o Sindilojas, que também é
nosso parceiro, o Manual para o Lojista, porque o Procon tem que atuar nas duas
frentes, nos dois pólos, consumidores e fornecedores. Em relação o Manual do
Lojista, houve uma ação de educação prestada pelo Setor de Coordenação de
Fiscalização do Procon de Porto Alegre, que visitou, nesse último ano, mais de
seis mil estabelecimentos em Porto Alegre. Alguns desses estabelecimentos
receberam esse Manual do Lojista e foram convidados a colaborar com o Procon,
principalmente na questão da fixação dos preços das vitrines nas nossas lojas
em Porto Alegre. No ano passado, também por conta do Dia Internacional do
Consumidor, nós fomos ao Brique da Redenção - e vamos retornar este ano - e lá
fizemos a distribuição de dez mil exemplares dessa cartilha. O Procon, através
dessas cartilhas, realiza sempre palestras, não só palestras a consumidores,
mas a entidades, a fornecedores. Nós já demos palestra no Sicodiv, o Sindicato
das Concessionárias de Veículos de Porto Alegre; no CDL, no Sindilojas, em
outros órgãos de defesa do fornecedor e também do consumidor.
Por
meio de uma parceria com a Drª Eunice Casagrande, que é responsável pela edição
da cartilha Pequenos Consumidores, com o Procon de Porto Alegre e também com o
apoio e o patrocínio do Itaú Criança, pudemos confeccionar um número bastante
expressivo dessa cartilha intitulada Pequenos Consumidores. Já vamos para
quinze mil cartilhas editadas pelo Procon, que, em uma parceria com a
Secretaria da Educação do Município, também realiza palestras nas escolas
públicas da rede municipal. No ano passado, nós começamos, a partir de junho,
com esse tipo de palestras e conseguimos atingir cinquenta escolas do
Município. E pretendemos, até o final deste ano, atingir a totalidade das escolas
do Município e também as creches comunitárias do Município. É uma cartilha que
ensina os direitos do consumidor - está sendo distribuída para Vossas
Excelências. Pudemos atingir um público infantil de idade de 6 a 12 anos, eles
estão ingressando na atividade, estão ingressando na questão da relação do
consumo, e nós sabemos o quanto é importante dotar essas crianças de
informações básicas e necessárias, porque elas são os verdadeiros fiscais dos
seus pais e dos seus irmãos mais velhos. Então, essa é uma outra atividade que
o Procon realiza em Porto Alegre.
O
Procon realiza palestras atingindo, em cada uma, mais de cem, cento e cinquenta
crianças. São palestras realizadas nos auditórios das escolas, não são apenas
para uma turma, mas para duas, três, quatro turmas, e até de séries diferentes,
como 3ª, 4ª e 5ª séries. Assim, podemos atingir um contingente bastante grande
de pessoas, de crianças, e todas essas crianças ganham a Cartilha do Consumidor
para levar para casa. Também são distribuídas as Cartilhas para todas as
bibliotecas das escolas municipais.
Por
fim, chegamos à prestação de contas desse um ano de atividade. Foram mais de
vinte e sete mil atendimentos que o Procon realizou desde o dia de sua
inauguração até o dia 03 de março deste ano. Os dados, pelo gráfico, são do dia
03 de março deste ano: cerca de 50% dos atendimentos foram feitos de maneira
pessoal; 23% foram realizados pelo telefone; 17% via e-mail e 11% pelo
atendimento eletrônico, que está à disposição do consumidor desde o dia 31 de
agosto do ano passado. E esse dado é o que nos chama muito a atenção: em pouco
mais de seis meses, ele representa hoje não 11% do total dos atendimentos, mas
mais de 25% dos atendimentos que o Procon realiza através do atendimento
eletrônico, através dessa ferramenta disponibilizada ao consumidor, em que ele
pode, a qualquer hora do dia e da noite, inclusive nos finais de semana,
realizar a sua reclamação ao Procon. Temos a questão da atuação da
fiscalização, onde houve cinquenta e seis denúncias, cinco não são
notificações, são visitas; 6.437 visitas realizadas pela área de fiscalização
do nosso Procon Porto Alegre.
As
áreas que mais geram conflitos na nossa Capital: produtos é o que desponta com
32% das reclamações dos consumidores, e explico por quê. É uma gama infinita de
produtos que são oferecidos à nossa população e há centenas de milhares de
lojas que oferecem produtos, por isso esse percentual, é o maior percentual das
reclamações que chegam ao Procon. Depois nós temos assuntos financeiros e serviços
essenciais. Mas eu gosto sempre de falar que, na questão dos serviços
essenciais e dos serviços privados, está a área de telecomunicações, e essa
área de telecomunicações - que envolve operadoras de telefonia, operadoras de
TV a cabo, operadoras de Internet, banda larga - ultrapassa em quase 30% de
todos os atendimentos realizados pelo Procon de Porto Alegre. E é uma área que
possui aproximadamente não mais de dez fornecedores. Portanto, isso nos deixa
muito preocupados. Nós já fizemos várias reuniões com todos esses fornecedores,
no sentido de melhorar esse atendimento, tendo em vista que quem tem que
resolver os problemas do consumidor não é o Procon, é o fornecedor, é a razão
do seu negócio.
Se
por um acaso houver um conflito entre o consumidor e o fornecedor, se o
fornecedor não conseguir resolver os problemas gerados na relação de consumo;
aí, sim, o Procon está aqui em Porto Alegre à disposição dos consumidores para,
então, mediar esse conflito, harmonizar essa relação de consumo e resolver o
problema que o consumidor tiver com os seus fornecedores. Portanto, o primeiro
passo dos consumidores que desejam fazer uma reclamação é se dirigirem ao seu
fornecedor. Primeiro tem que se esgotar a tentativa de conciliação com o seu
fornecedor, para depois, sim, acionar o Procon, para que ele faça a
intermediação, a harmonização e a solução do conflito.
Temos
um dado que chama muito a atenção, que é a questão dos atendimentos por sexo,
ou seja, as mulheres sempre despontando; quase 60% são mulheres que reclamam, e
40% são homens. Outro dado que chama a atenção é o atendimento por faixa
etária. Aí, Ver. João Dib, nós vemos que as pessoas dos 61 aos 70 e mais dos 70
anos já ultrapassam cerca de 20% das reclamações do Procon de Porto Alegre.
Isso é um dado que também nos deixa bastante preocupados, porque são pessoas
que já estão ingressando na terceira idade e estão tendo muitos problemas com
seus fornecedores, na relação de consumo, até por causa da Internet, da TV a
cabo, de compras feitas pela Internet, por empréstimos realizados em bancos por
familiares. É um dado que nos chama muito a atenção e que nos preocupa muito.
Bom,
Srs. Vereadores, estamos finalizando esta apresentação, mas queria deixar um
convite aqui a todos os funcionários da Casa, aos Vereadores, para que se
fizessem presentes na nossa Feira do Consumidor, estaremos a realizando agora
no dia 14 e 15 no Brique da Redenção. Vamos lançar uma revista do Procon, que
também conta toda a história do Procon e a prestação do Procon nesse um ano de
atividade. Vamos ter o material de distribuição nesta Feira, serão vinte mil
fôlderes, mais dez mil cartilhas. Na Feira vamos realizar a orientação, a
informação, a educação e a conscientização de todos os consumidores.
Como
eu tenho dito sempre: esta Feira não é uma feira de reclamação, é uma feira de
orientação do consumidor, lá estarão presentes as operadoras de telefonia,
operadoras de TV a cabo, operadoras de planos de saúde, para informarem e
orientarem o consumidor sobre a portabilidade dos planos de saúde, a possibilidade
de trocar de plano de saúde, a portabilidade do sistema de telefonia celular e
telefonia fixa, algo que começou no dia 08 de janeiro. No Estado já são mais de
cinquenta mil portabilidades requeridas, e também há a questão dos call
centers, que têm gerado muitas reclamações no Procon de Porto Alegre. Essas
empresas estarão lá - mais a NET, que presta um serviço e têm muitas
reclamações no Procon - para prestarem esclarecimentos ao consumidor, não para
atender a reclamação, mas para fornecer os canais de atendimento ao consumidor,
como o consumidor pode se dirigir e fazer a sua reclamação junto ao fornecedor.
Haverá a distribuição de material orientativo e informativo quanto à questão da
portabilidade numérica, da portabilidade dos planos de saúde e também quanto
aos call centers. Queria, Sr. Presidente, convidar todos então para se
fazerem presentes nesta Feira, que terá a sua abertura às 10 horas de sábado,
dia 14, contará com a presença do Prefeito Municipal, do Secretário Idenir
Cecchim e também do Procon - que vai se estender até às 17 horas de domingo.
E,
por fim, Sr. Presidente, quero apenas falar um pouco do nosso Código de Defesa
do Consumidor, desses 18 anos de atividade do Código de Defesa do Consumidor.
Sem dúvida nenhuma, é um dos Códigos mais avançados do mundo. Falo aqui da
preocupação que temos com a questão do consumidor, dos mais diversos ramos que
atuam na questão da defesa do consumidor. Nesses 18 anos, Sr. Presidente,
houve, por parte das entidades representativas dos consumidores e fornecedores,
muito entendimento. Tivemos condições, inclusive, da abertura de novos Procons;
hoje nós temos mais de cinco mil Municípios e cerca de quinhentos Procons em
todo o Brasil. E, aqui no Rio Grande do Sul, de quase quinhentos Municípios, nós
temos apenas cinquenta e sete Municípios com o Procon. Então, esperamos que,
até o final do ano de 2010, tenhamos condições de ter mais Procons. O Governo
do Estado diz que a previsão é de cem Procons até lá. Tomara que sejam cem
Procons ou, até, que ultrapasse esse número. O que falta, efetivamente, é o
atendimento ao consumidor, mas mais do que isso, Sr. Presidente, há a educação,
a conscientização e a orientação do consumidor, que é a única maneira possível
de diminuir a demanda crescente não só na cidade de Porto Alegre, no Estado,
como em todo o Brasil. Acho que nós avançamos muito nesses dezoito anos e temos
que avançar mais.
E esta Casa cumpre um papel importante e
fundamental no avanço dessas questões relacionadas à relação de consumo com a
criação de novas legislações que atendam o consumidor e que orientem o
consumidor. Eu acho que esta Casa pode, inclusive, fazer novas leis para que o
consumidor seja protegido, principalmente na sua compra através da Internet, e
não é uma questão municipal, mas federal. É uma questão que nos preocupa muito,
porque nós tivemos um aumento de mais de 50% nas compras realizadas no Natal
através da Internet. Evidentemente, os casos de não-entrega do produto vieram
todos parar no Procon, e nós tivemos, em janeiro deste ano, o maior número de
atendimentos no Procon de Porto Alegre. Algumas pessoas estavam em férias, mas
recebemos muitos atendimentos, só através do nosso atendimento eletrônico foram
mais de duas mil reclamações no mês de janeiro de 2008.
Então, ficam aqui, Sr. Presidente, essas
ponderações do Procon. Eu queria agradecer este convite, feito pela Comissão, e
dizer que o Procon estará sempre à disposição dos Srs. Vereadores para o avanço
da questão da relação de consumo e da legislação de consumo aqui na nossa
Capital, e, sempre que for possível e necessário, estaremos presentes neste
Legislativo. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Nós é que
agradecemos a sua presença nesta Câmara Municipal, Dr. Omar Ferri Júnior, Coordenador
do Procon Municipal.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; meu caro amigo Omar Ferri Júnior, Coordenador do
Procon Municipal, quero cumprimentá-lo. Hoje ainda os jornais noticiam a necessidade
de mais de uma centena de Procons em diferentes Municípios do Estado. O
relatório dos trabalhos de um ano deixa clara a importância do trabalho
prestado pelo Procon Municipal, com a coordenação de Vossa Senhoria. De vez em
quando, sempre que posso, assisto ao Canal 16 da Câmara Municipal, não vi a
publicidade do Procon Municipal e já reclamei sobre isso. A publicidade feita é
do Procon Estadual, na Rua Sete de Setembro, e não do nosso Procon, que
realmente, pelos dados, presta um excelente serviço. E mais: orienta, o que é
muito importante; não apenas apresenta estatísticas, mas orienta a criança,
orienta o adulto, orienta aquele mais velho para que possam usufruir dos seus
direitos, e diz que deveres os fornecedores têm. Isso também é importante.
Portanto, recebam nossos cumprimentos, desejo um sucesso continuado. Saúde e
PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado, Ver.
João Dib.
O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, quero cumprimentar o Dr. Omar Ferri Júnior e dizer que ele
traz uma grande responsabilidade, não só de representar os nossos direitos, os
direitos dos consumidores, mas, sobretudo, a responsabilidade pelo nome que
conduz, que é o nome do seu pai, Dr. Omar Ferri, que é um grande homem público
deste Estado. O Dr. Omar tem caminhado com dignidade para bem representar esse
legado que traz consigo. Eu quero também cumprimentá-lo e saudar o nosso
Prefeito Municipal José Fogaça e o nosso Secretário da Produção, Indústria e
Comércio, Idenir Cecchim, porque foi na gestão do Prefeito José Fogaça que
instituímos em Porto Alegre o Procon, que hoje tão bem funciona, prestando esse
importantíssimo serviço
público a toda a nossa comunidade. Quero cumprimentá-lo pelas informações,
pelos dados que trouxe; quero cumprimentá-lo pelo Manual do Consumidor
Consciente, esta pequena cartilha, e cumprimentá-lo pelo Manual dos Pequenos
Consumidores, que enseja as nossas crianças, desde pequenas, a se inteirarem dos
seus direitos, que são os nossos direitos de consumidor.
O
Código de Defesa do Consumidor, de autoria do então Deputado Federal Geraldo
Alckmin, é um marco nas relações de consumo no nosso País. Infelizmente, nós
ainda não conseguimos utilizá-lo na sua plenitude, mas é bom sabermos que
existem políticos e existem instituições, como é o caso do nosso Governo
Municipal, preocupados e atentos em relação a esses direitos tão importantes.
Gostaria de o parabenizar pelo trabalho que faz e dizer que, da nossa parte,
especialmente da Bancada do PMDB e dos meus companheiros, V. Sª tem todo o
apoio, em todos os momentos. Desejo que logre sucesso continuado nessa sua
importante missão. Muito obrigado, parabéns.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; eu quero mais uma vez cumprimentar o Dr. Omar
Ferri Júnior e dizer da importância do trabalho que está sendo executado por
ele à frente do Procon Municipal. Já tive a oportunidade de ler este Manual e
vejo que aqui se presta realmente um trabalho magnífico, porque informa o
cidadão de como ele pode exercitar o seu direito. Eu acho que muitas pessoas
acabam não usando o seu direito exatamente por falta de conhecimento, e eu vejo
que uma das preocupações de V. Exª à frente do Procon é dar as condições
necessárias no sentido de que o direito das pessoas possa ser exercido na sua
plenitude. Tenho certeza absoluta, até por conhecer o seu trabalho, de que o
Procon Municipal, com a sua liderança, está realmente num bom caminho.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Toni Proença está com a palavra.
O
SR. TONI PROENÇA: Sr.
Presidente, quero cumprimentar o Dr. Omar Ferri Júnior, dileto amigo, pela sua
condução à frente do Procon Municipal. Quero reafirmar as nossas convicções -
principalmente as do PPS, que tem nos seus conteúdos programáticos o poder
local -, reafirmar as convicções que tenho de que, sempre que se aproxima do
cidadão, através da municipalização, da territorialidade, as políticas
públicas, se tem mais eficiência e mais eficácia. Há um ano, quando o Prefeito
José Fogaça encaminhou a esta Casa a decisão de instituir o Procon Municipal,
ele fez um acerto muito grande. Mais acerto ainda fez esta Casa. Tenho certeza
de que os resultados obtidos a partir do Procon Municipal não seriam tão
eficazes e tão eficientes se ele não tivesse sido municipalizado.
Quero aproveitar para fazer uma provocação ao Dr.
Omar Ferri Júnior, porque nós recebemos notícias todos os dias de desmandos e
descuidos com o consumidor feitos pelos call centers, principalmente das
grandes operadoras. Eu queria pedir ao Dr. Omar Ferri que o Procon fosse
pró-ativo, para podermos sanear esses problemas. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Verª Juliana
Brizola está com a palavra.
A SRA. JULIANA BRIZOLA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, quero dar os parabéns ao Coordenador do Procon, Dr. Omar Ferri
Júnior, e dizer que fiquei particularmente encantada com a sua exposição,
porque nós do PDT temos o entendimento de que é através da educação que as
pessoas podem ter uma maior consciência. Nesse sentido, como Presidenta da
Comissão de Direitos Humanos da Casa, quero colocar a Comissão à disposição e
ressaltar a importância de estarmos trabalhando em conjunto, para melhor
orientarmos as pessoas que nos procuram, assim como o senhor colocou a
importância de se esgotar o diálogo com o fornecedor. Eu acho que é de suma
importância que as pessoas entendam que o Procon é um outro estágio e não
aquele, o primeiro, assim como a própria Comissão. Mas ressalto a importância
de trabalharmos em conjunto, para que possamos, em Porto Alegre, ter os
direitos do consumidor garantidos. Parabéns mais uma vez.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra.
O SR. MAURO PINHEIRO: Ver. Adeli
Sell, na presidência da Casa neste momento; Dr. Omar Ferri Júnior, do Procon, queremos, em nome da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, cumprimentá-lo pelo trabalho exercido nesse importante órgão
de defesa do consumidor e de construção da democracia e da cidadania na cidade
de Porto Alegre. Queremos parabenizá-lo pelo serviço prestado à comunidade e dizer
da importância desse trabalho, principalmente pela orientação dada aos pequenos
consumidores, pelo Código de Defesa do Consumidor para as crianças, pelo Manual
do Consumidor, que orienta os consumidores. Manuseando o Manual, vemos que tem
o apoio da Associação Gaúcha de Supermercados e percebemos o quanto é
importante o Procon para a sociedade e para os consumidores. As próprias
entidades de classe do comércio ajudam a patrocinar, mostrando a importância
desse órgão para os consumidores e a importância, para os próprios empresários,
de ter um órgão que faça esse intercâmbio entre os consumidores e o comércio.
Parabéns pelo seu trabalho! Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Alceu Brasinha está com a palavra.
O
SR. ALCEU BRASINHA: Dr.
Omar, eu quero parabenizá-lo pelo trabalho que vem prestando frente ao Procon.
Também quero parabenizar a Secretaria da Indústria e Comércio pela parceria com
o Procon e o extraordinário e competente Secretário Idenir Cecchim. Vocês
formam uma dupla perfeita! Tenho certeza absoluta de que o Procon vai trabalhar
muito mais, de forma cada vez mais competente, buscando alternativas para o
consumidor. Parabéns em nome da Bancada do PTB!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado,
Ver. Alceu Brasinha.
O
Sr. Omar Ferri Júnior está com a palavra para as considerações finais.
O
SR. OMAR FERRI JÚNIOR: Sr.
Presidente, eu queria agradecer mais uma vez a todos os Vereadores que se
manifestaram. Gostaria de fazer um registro muito importante. Essas publicações
do Procon só se tornam possível com a ajuda e o patrocínio de entidades e
também de fornecedores - não só entidades ligadas ao consumidor, mas também
entidades ligadas a fornecedores.
Nós
fizemos essas mais de sessenta mil cartilhas do Manual do Consumidor com a
ajuda e o patrocínio da nossa CEEE, do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, da
AGAS, que já foi referida aqui, do CDL, também, que participou; então, são
entidades que participam com o Procon. É importante essa ajuda ao Procon, pois
somente dessa maneira poderemos conseguir atingir todos os consumidores e
através da multiplicidade de cartilhas que o Procon pretende realizar. Já
fizemos essas cartilhas, agora vamos fazer uma cartilha com a AGAS, cartilha
direcionada aos supermercados e, também, com o SINCODIV, relacionada às
concessionárias de veículos, orientando os fornecedores de veículos, as
concessionárias a precificar seus veículos, fazendo a sua publicidade de forma
clara e precisa ao consumidor, porque verificamos muitas reclamações na questão
da publicidade, principalmente no que se refere à venda de veículos na cidade
de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Nós é que
agradecemos a sua presença, o atendimento imediato ao nosso convite, já que foi
feito apenas no dia de ontem, para marcar o transcurso de um ano de
funcionamento do Procon Municipal, o que me alegra bastante, pois já fui
Secretário da SMIC, pude colaborar, no início da sua elaboração, sobre a forma
como ele deveria funcionar.
Quero frisar a importância da feira que haverá
neste final de semana no Brique da Redenção - lembro a todos os Vereadores,
depois faremos um convite oficial a todos os funcionários desta Casa - e também
do Dia Internacional de Defesa do Consumidor. Boa-tarde a V. Sª e sucesso na
sua gestão. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h06min.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell - 16h07min): Estão
reabertos os trabalhos.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da
TVCâmara, eu queria saudar a todos.
Na semana passada, estivemos em audiência com o
Secretário de Cultura, Sergius Gonzaga; por sinal fomos muito bem atendidos.
Acompanhou-nos nessa reunião o Sr. Heitor Luiz Borella, que foi representando
os empresários do 4º Distrito aqui da nossa Porto Alegre. Na audiência foram
levantados alguns problemas, não que sejam problemas, são os prédios listados
para fins de inventário no 4º Distrito da nossa Porto Alegre. Para que as
pessoas entendam, são prédios listados para tombamento. Não é que sejamos
contra o tombamento de prédios, porque prédios que têm uma história têm de
permanecer, para que as novas gerações dela tomem conhecimento. Só que são mais
de novecentos prédios listados para tombamento no 4º Distrito! Acho que nós,
como Vereadores, temos de aprofundar essa discussão. Sabemos que há um trabalho
muito presente naquela região, Líder da minha Bancada, Ver. Mauro Zacher, e os
empresários querem, sim, discutir de uma forma ampla sobre essa grande
quantidade de prédios que estão listados para tombamento.
No 4º Distrito, Srs. Vereadores, temos a ligação da maioria dos
Municípios com Porto Alegre. Temos o caminho para o Aeroporto, o caminho para a
BR116, para Guaíba, enfim, é onde desemboca, praticamente, toda a economia da
nossa Porto Alegre. Meu caro Ver. Valdir Fraga, que nos honra com a sua
presença nesta Casa, V. Exª também tem conhecimento, foi Presidente desta Casa,
tem uma história nesta Cidade, acho que nós vamos ter que abrir, sim, essa
discussão.
Eu
não tenho aqui a listagem dessa grande quantidade de prédios escolhidos para
tombamento, mas tenho conhecimento de alguns. Parede, por exemplo; tem uma
parede que está listada para ser tombada. Há, parece-me, um outro prédio na Rua
Voluntários da Pátria que também está listado, e tantos outros que não têm nada
que ver com a história! Desculpem-me as pessoas que estão avaliando esses
prédios, mas acho que temos que avaliar com mais profundidade.
Ontem,
por exemplo, estivemos aqui na Catedral, na Cúria Metropolitana, onde houve
aquele ato belíssimo, cujo prédio foi tombado, mas ali tem uma história. Eu
acho que os prédios são tombados para que as novas gerações tenham conhecimento
da história, então, os prédios têm que ter história! Como um cidadão, temos
tantos nomes a citar, como Getúlio, Jango, Brizola, que já partiram, eles
deixaram uma história, um feito; tem que ter uma história. E os prédios
tombados também têm que ter uma história. Não podemos engessar o 4º Distrito,
que tem uma ligação extremamente forte com a cidade de Porto Alegre. Eu acho
que a Câmara vai ter que se envolver. Como eu já disse, não sou contra o
tombamento de prédios, mas tem que ter uma história. Nós temos, sim, é que
avaliar com profundidade, como já disse o Ver. Mauro Zacher, que é o Líder da
Bancada do PDT, que tem um trabalho naquela região. Tem-se que fazer uma
parceria com o Executivo Municipal, junto com as lideranças, junto com a
comunidade, junto com os empresários - como o Heitor Borella, que tem uma
história nesta Cidade, um empresário que representa a sua categoria, que tem um
trabalho extraordinário nesta Cidade -, nós temos que ouvir, sim, meu caro
Presidente, esses segmentos. E V. Exª, pela sua história, meu caro Vereador que
preside a Sessão neste momento, também, eu acho que nós temos que juntar todos
os Partidos.
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O
SR. ERVINO BESSON: Não,
mas há uma listagem muito grande, nós temos que discutir. Não podemos engessar,
temos que ampliar essa discussão, nós temos que abrir essa discussão para
fazermos um trabalho em conjunto. Não podemos engessar aquela região, mas assim
estaremos engessando! Há problemas. Agora, são mais de novecentos prédios
listados para tombamento no 4º Distrito...! Por favor, desculpem-me! Temos que
ampliar essa discussão, temos que trabalhar em conjunto, queremos uma Cidade
bela. Vossa Excelência também vai colaborar com isso, Ver. Todeschini, para, em
conjunto, discutirmos esse assunto no Plano Diretor, quando poderemos ouvir a
comunidade, os empresários e fazer um bom trabalho, não engessando alguns
segmentos da Cidade. Muito obrigado, Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Ervino Besson.
O
Ver. Paulinho Ruben Berta está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; eu gostaria de agradecer e me colocar à
disposição da Associação de Moradores do Conjunto Residencial Rubem Berta, que
faz um belíssimo trabalho. Hoje ela está representada aqui pelos adolescentes
que fazem parte do trabalho educativo da Amorb, o Construindo a Juventude;
estamos construindo lá cidadãos e tentando proporcionar dias melhores para eles
e para as suas famílias. Também queria agradecer a FASC e toda a sua Diretoria
pelo trabalho de valorização, de apoio aos trabalhos educativos que existem em
Porto Alegre. Dessa forma, lá no Conjunto Residencial Rubem Berta, nós temos
certeza de que, dos adolescentes, a maioria está se encaminhando para uma vida
melhor, com dignidade e educação. Então, quero parabenizá-los e dizer que me
sinto muito orgulhoso de tê-los aqui. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Paulinho Ruben Berta.
O
Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder,
pela oposição.
O
SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
público que nos acompanha pelo Canal 16, com certeza, um dos temas mais
preocupantes aqui no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre é a insegurança do cidadão.
Poderíamos elencar muitos outros, como a falta de saúde, mas a falta de
segurança, ou a insegurança do cidadão, é tamanha que os números por si só
falam. E eu gostaria de trazer algumas informações para a reflexão dos
Vereadores e daqueles que nos acompanham pelo Canal 16.
Vejam,
senhoras, senhores e nobres Vereadores: em 2007, tivemos 1.572 homicídios; em
2008, 1.649 homicídios; e somente em três meses de 2009 já chegamos a 341
homicídios. Portanto, vêm crescendo significativamente os homicídios no Estado
do Rio Grande do Sul. Se olharmos a questão do furto e do furto de veículos,
vamos verificar que, em 2007, tivemos 16.419 furtos de veículos; em 2008,
16.629, e somente em três meses de 2009 já chegamos a 2.966 furtos de veículos,
portanto cresceu significativamente. Se observarmos as pessoas envolvidas com a
questão do tráfico, em 2007, foram 3.429 ocorrências; em 2008, foram 4.625, e
em 2009 já chegou a 885 ocorrências. Se nós pegarmos de uma forma geral,
somente neste ano, as cidades consideradas mais violentas, vamos observar que
Porto Alegre já figura, nos primeiros três meses, com 6.344 furtos. Se somarmos
os furtos de uma forma geral, do dia-a-dia, nas ruas, com o furto de veículos,
já chegamos a mais de sete mil furtos. Vamos observar, por exemplo, que Porto
Alegre está em primeiro lugar; a cidade de Caxias do Sul está em segundo lugar,
com 1.069; em terceiro lugar, Pelotas, com 1.029; em quarto lugar, Canoas, com
1009; em quinto lugar, Santa Maria, com 957; e assim eu poderia elencar inúmeras
outras cidades que estão com número crescente de ocorrências na vida do cidadão
e da cidadã.
Quem
é o órgão responsável, não só pelas informações, que governam o Estado do Rio
Grande do Sul e a cidade de Porto Alegre? Com certeza, os Governos; independente
de quem são, não estão demonstrando claramente que existe uma grande
preocupação para reduzir a violência, reduzir os delitos e proteger de uma
forma mais direta o cidadão e a cidadã. Então, é nesse sentido que eu queria
levantar esses números, para demonstrar claramente que é preciso investir na
segurança do cidadão, e não deixar que ele, por si só, promova a sua segurança,
cercando-se, cada vez mais, em suas residências, colocando alarme no carro,
colocando os filhos de uma forma mais protegida em colégios particulares,
porque o Poder Público não dá a contrapartida de dar segurança aos estudantes
em colégios públicos, por exemplo. É preciso que o Estado lhe dê segurança nas
ruas, nos bairros, em todas as cidades. Queremos chamar a atenção para que os órgãos
públicos se preocupem, sim, com a segurança, porque é um compromisso do Poder
Público dar segurança ao cidadão, esteja ele em qualquer lugar da cidade ou do
Estado. Nesse sentido queremos dizer que tanto o Estado do Rio Grande do Sul
como o Município não estão investindo em segurança. A prova disso são as
câmeras no Centro da Cidade, grande parte delas continuam desligadas, sem
controle para dar a segurança devida ao cidadão da nossa Cidade. Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença):
Obrigado, Ver. Aldacir José Oliboni.
Passamos
ao
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver. Toni
Proença, comandando os trabalhos aqui nesta tarde; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, foi falado durante todo o início deste ano que
o Processo mais importante que nós debateríamos aqui na nossa Câmara de
Vereadores, neste ano de 2009, seria o Processo do Plano Diretor. E eu sempre
acreditei, e nas minhas falas sempre fiz questão de dizer, que realmente o
Plano Diretor deve estar em primeiro lugar entre as preocupações dos Vereadores
durante este ano de 2009. E nós já estamos no mês de março, meando o mês de
março. Eu vejo que tivemos hoje mais uma reunião comandada pelo experiente Ver.
João Dib, na qual compareceram técnicos da Prefeitura Municipal, deram
explicações a respeito de alguns itens do Plano Diretor, inclusive com relação
à Zona Rural, esclarecendo os Srs. Vereadores a respeito da Lei do Plano
Diretor. Só que acredito que deveríamos estar - e não é culpa do Presidente
Ver. João Dib, porque daqui a pouquinho alguém vai dizer que é culpa do
Presidente, não é, é culpa do grupo todo - em outro estágio nesta verificação
do Plano Diretor. Porque, durante todo o ano passado, Ver. DJ Cássia, nós
fizemos um estudo com técnicos da Prefeitura, os mesmos técnicos, Ver. Toni
Proença - V. Exª está comandando agora o Fórum das Entidades e, com toda
certeza, não poderia haver comandante melhor para o Fórum das Entidades -,
durante todo o ano passado nós ouvimos esses técnicos, eles vieram aqui,
trouxeram suas informações, trouxeram para o nosso conhecimento aquele estudo
da Ritter dos Reis a respeito das Áreas de Interesse Cultural, foram feitas
Emendas e encaminhamentos a respeito da necessidade de se fazer uma reavaliação
da Zona Rural, porque aquilo que foi efetuado por esta Casa, acabando com a
Zona Rural e transformando-a em Zona Rururbana, não ficou bom. Nós gostaríamos
que fosse feita uma reavaliação para vermos qual é a atual Zona Rural de Porto
Alegre. Mas todos são estudos que já foram, Ver. Comassetto, realizados no ano
passado.
Eu
não sei se esta Casa vai aprovar ou não, se os Vereadores vão votar “sim” ou
“não”, mas começar do zero, como está acontecendo hoje com o Plano Diretor,
trazendo novamente aqui os ensinamentos primeiros a respeito do Plano e
tentando fazer esse desenvolvimento todo... O que eu tenho medo, Ver. Toni
Proença, é que nós vamos chegar lá no mês de julho, que é mais ou menos a data
que o Vereador-Presidente prevê para a votação do primeiro relatório, da
apresentação dos primeiros relatórios, ainda extremamente verdes para podermos,
realmente, votar. Vai surgir novamente a apresentação das Emendas que surgiram
no ano passado, a não ser que inventem alguma coisa, mas não poderá haver mais
do que aquelas setenta Emendas, mais ou menos, que apresentaram no ano passado.
Das setenta Emendas, e eu era Relator no ano passado, devo ter aproveitado umas
dez, doze Emendas.
Eu
acho que o mais lógico, para mim pelo menos, seria que pudéssemos aproveitar os
estudos que foram feitos no ano passado. Que esses estudos possam ser
distribuídos entre todos os Vereadores, para podermos nos apoderar daquilo que
já foi realizado; em vez de começarmos do marco zero, com relação a essa
revisão da Lei nº 434, que possamos recomeçar de onde paramos. Eu acho que nós
ganharíamos um tempo. É verdade que há vários Vereadores que estão vendo o
Plano Diretor pela primeira vez, mas eles poderiam pegar aquilo que já existe
com relação a estudo de revisão do Plano Diretor, dar uma olhada geral, e
começaríamos daí. Não que tivesse que aprovar aquilo que foi feito no ano
passado, Verª Maria Celeste, mas poderíamos, pelo menos, começar a discutir em
cima de coisas que já estamos há muito tempo discutindo aqui nesta Casa.
A
Srª Maria Celeste: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada, Ver. Luiz Braz. Nós
estamos trabalhando, de certa forma - acredito que as demais Relatorias, mas
especificamente a nossa Relatoria -, nessa lógica que o senhor estabelece: não
desconhecendo a história que foi construída nesta Casa, que já tem um acúmulo,
inclusive a Relatoria da Comissão Especial da qual o senhor foi Relator. Acho
importante isso que o senhor traz.
E
um segundo aspecto que gostaria de colocar é que, aqui na Casa, estão sendo
protocolados vários Projetos que são do conteúdo do Plano Diretor. Talvez
tenhamos que fazer um esforço para que todos esses Projetos - e foi o acordo
que fizemos na Legislatura passada - possam ser remetidos à Comissão Especial
para avaliação no que diz respeito ao Plano Diretor. Acho que temos que avançar
- concordo com o senhor - considerando a história recente que temos na questão
do Plano Diretor, mas também devemos possibilitar que essas discussões da Casa,
em iniciativas de projetos, possam ser remetidas também à Comissão Especial.
O
Sr. Alceu Brasinha: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Companheiro Ver. Luiz Braz, o
senhor estava falando no Plano Diretor. Na gestão da Presidenta Maria Celeste,
em 2007, já estávamos debatendo o Plano Diretor - tivemos oito Audiências na
Cidade. Foi muito proveitoso, trabalhamos muito, e as comunidades interessadas
debateram e falaram. Passou 2008, veio 2009, e eu estou analisando e estou com
pressa de ver este Plano Diretor funcionar. É muito tempo debatendo.
O
SR. LUIZ BRAZ: Está
certo. Acho que não há coisa mais polêmica dentro do Plano Diretor do que as
Áreas de Interesse Cultural. Nós temos o debate entre as áreas de ambiência, ou
aquilo que o Ver. Ervino Besson trouxe aqui, que é o excesso de imóveis que
temos hoje listados esperando por tombamento. Só que as pessoas, em relação a
todos esses imóveis que estão na lista, ficam tolhidas, praticamente, de fazer
qualquer tipo de negócios com eles. O proprietário desses imóveis fica assim,
com “o coração na mão”, porque não sabe se o imóvel vai ser tombado, se não vai
ser tombado, mas ele fica lá, ele está à espera, às vezes o imóvel fica naquela
lista durante muito tempo, e o cidadão, o dono do imóvel, fica lá esperando.
Nós colocamos uma regra no ano passado, ou sugerimos uma regra, através de uma
Emenda, no sentido de que esses imóveis - eu não vejo o Ver. Ervino aqui, mas
gostaria de debater com ele isto -, Verª Maria Celeste, que estão na lista para
serem tombados pudessem ficar por um determinado prazo. Olha, se, porventura, o
Município resolvesse fazer o tombamento, muito bem, mas o que não pode é as
pessoas ficarem, anos a fio, aguardando que as autoridades municipais se
manifestem a respeito desses tombamentos.
Então
acredito que nós realmente devemos acelerar esses estudos. Eu vou pedir
pessoalmente ao Ver. João Dib que, na medida do possível, faça com que os
Vereadores, principalmente os Vereadores novos desta Legislatura, tomem
conhecimento, o mais rapidamente possível, dos estudos que já foram feitos,
porque, com eles, podemos ajudar e fazer com que o debate progrida com uma
rapidez maior, fazendo com que os debates aqui ficassem mais ricos.
Hoje,
das coisas que foram debatidas, eu ouvi muito a respeito daquilo que é o debate
da Lei nº 434, sobre as alterações. De tudo aquilo que já foi debatido antes,
nada entrou, nada foi comunicado; parece realmente que o ano passado não
existiu, jogou-se uma pá de areia sobre os estudos que foram feitos no ano
passado, Ver. Dr. Raul, e se começa do marco zero, o ano passado não existiu.
Eu acho que isso é retrocesso. Eu queria discutir com todo o grupo, mas não
depende, é claro, só do Presidente, depende de todo o grupo. Acredito que, se
aproveitarmos aquilo que já foi feito, andaríamos, com toda a certeza, mais
rápido.
Com
relação à visão que se tem de apenas se alterar aquilo que está na Macrozona 1,
eu acredito que é hora, Ver. Comassetto, de começarmos a apresentar Emendas e
até estudos de técnicos ligados às diversas zonas da Cidade, para que outras
zonas também possam ser estudadas. Além da Macrozona 1, podemos colocar para o
estudo dos Vereadores as alterações que podem ser feitas em outras macrozonas
da Cidade.
O
Sr. Engenheiro Comassetto: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Luiz Braz. O
senhor foi Relator, no ano passado, do processo do Plano Diretor. Nós, já na
Legislatura passada, afirmávamos algumas questões importantíssimas, como o fato
de estarmos fazendo, no próprio Plano Diretor, uma avaliação e uma revisão, e
não um plano novo, pois há muita gente dizendo por aí que está sendo feito um
Plano novo.
O
Plano tem um conceito a ser seguido: ele é um Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e Ambiental, no qual a compreensão do ambiente construído com o ambiente
natural tem que existir. E ele foi desenvolvido com uma série de estratégias
para que isso acontecesse. Como ele é um Plano Diretor que tem que obedecer a
um planejamento participativo, e o planejamento participativo é a integração
dos saberes técnicos com os saberes populares, nós precisávamos que o Executivo
enviasse a esta Casa estudos mais concretos da eficácia que esse Plano atingiu,
para que pudéssemos realmente mudar não só, como o senhor está dizendo, partes
dele, mas a totalidade. O Plano Diretor não é só da Região 1, ou seja, do
Centro da Cidade; ele é de toda a Cidade! Eu quero trabalhar, por exemplo, a
regularização fundiária. O que nós faremos? Qual será a resposta que daremos
para a Cidade com as 750 comunidades que estão excluídas da urbanidade hoje?
Não tenho dúvida de que temos de incorporá-las, mas precisamos receber esse
estudo do Executivo.
O
SR. LUIZ BRAZ: Eu não
sei se V. Exª está lembrado de que no ano passado, quando foi feito o estudo do
Plano Diretor, V. Exª mesmo apresentou Emendas que davam oportunidade ao Município
de fazer esse estudo, esse avanço.
O
Sr. Engenheiro Comassetto: Apresentamos
um estudo completo da adequação do Estatuto da Cidade e da Reforma Urbana.
O
SR. LUIZ BRAZ: Exato,
exato. E acho que é isso que está faltando; está faltando, para embasar esse
material que estamos colocando à disposição dos Vereadores, aquilo que já foi
colocado no ano passado, quando do processo de revisão.
O
Sr. Engenheiro Comassetto: Talvez
possamos deixar aqui uma sugestão ao Ver. João Antonio Dib, na linha que o senhor
vem trazendo, de ouvi-lo. Muito obrigado.
O
SR. LUIZ BRAZ: Obrigado,
Ver. Comassetto.
Nós
estamos começando do zero, quando, na verdade, deveríamos começar do final do
ano passado! Parece que não houve estudo no ano passado! E acho que esse estudo
deve estar nas mãos dos Vereadores.
A
Srª Maria Celeste: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, só para
informar: a nossa Diretoria Legislativa colocou, no nosso site, no link
do Plano Diretor, todos os relatórios, todo o resgate da memória do Plano
Diretor, inclusive as Audiências Públicas que foram realizadas. Eu já pude ter
acesso ao seu relatório também; talvez fosse importante passar a informação
para todos os Vereadores da Casa de que isso está disponibilizado num link
especial da página da Câmara.
O
SR. LUIZ BRAZ: Verª
Maria Celeste, e propiciar debates aqui quanto à Reunião do Plano Diretor, para
que possamos fazer esse cotejo, entre aquilo que já foi apresentado e o Plano
atual. Creio que avançaríamos muito, não é? Hoje, as informações que ouvi dos
técnicos da Prefeitura Municipal com relação, por exemplo, à área rural, a
coisas assim - nada em detrimento dos técnicos da Prefeitura, que são ótimos -
não acrescentaram praticamente nada aos debates que vamos fazer aqui a respeito
das modificações do Plano Diretor. Agora, se pudéssemos debater entre as
propostas que foram apresentadas e aquilo que é o Plano atual, a Lei nº 434, já
começaríamos a evoluir mais rapidamente, para na data preconizada pelo
Presidente, que é o mês de julho, se não me engano, estarmos com os estudos
bastante avançados e votarmos a matéria de forma que a Cidade possa se
aproveitar da melhor maneira disso. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença):
Muito obrigado, Ver. Luiz Braz.
O
Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de
tempo da Verª Juliana Brizola.
O
SR. DR. THIAGO DUARTE:
Caro Ver. Toni Proença, no exercício da presidência - esta posição faz muito
bem a V. Exa -; caros colegas Vereadores e Vereadoras; em especial, saudações
ao companheiro Canhoto; nosso respeito e consideração a todos os Suplentes do
PDT que representamos aqui.
O
crack, para fazer efeito, leva dez
segundos, gerando euforia e excitação. Respiração e batimentos cardíacos
acelerados, seguidos de depressão, delírio e fissura por novas doses. O crack
refere-se à forma não-salgada da cocaína, isolada numa solução de água depois
de um tratamento de sal, dissolvido em água com bicarbonato de sódio. Esses
pedaços grossos e secos contêm algumas impurezas e também bicarbonato. Os
últimos estouram ou racham, fazem crack, como diz o nome. Cinco a sete
vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e
mortífero que ela. Possui um poder avaçalador para desestruturar a
personalidade, agindo em curto prazo e criando enorme dependência psicológica.
As
primeiras sensações são de euforia - o brilho, que muitos dizem - e de
bem-estar, descritas como um estalo, um relâmpago, um “tuim”, na linguagem dos
usuários. Na segunda vez, elas já não aparecem. Logo, os neurônios são lesados,
e o coração entra em descompasso. Há risco de hemorragia cerebral, fissura,
alucinações, delírios, convulsão, infarto e morte. O pulmão se fragmenta.
Problemas respiratórios como congestão nasal, tosse insistente e expectoração
de mucos negros indicam os danos pulmonares sofridos. Dores de cabeça, tonturas
e desmaios, tremores, magreza, transpiração, palidez e nervosismo são algumas
das coisas que atormentam o craqueiro. Outros sinais importantes são: euforia,
desinibição, agitação psicomotora, taquicardia; a característica do craqueiro é
a dilatação das pupilas, aumento da pressão e transpiração intensa. São comuns
queimaduras nos lábios, na língua e no rosto, principalmente pela proximidade da
chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.
O
crack induz a abortos e a nascimentos prematuros. Os bebês que conseguem
nascer são verdadeiros sobreviventes, como diz o inglês, são highlanders,
apresentam um cérebro menor e choram de dor quando tocados ou expostos à luz,
demoram mais para falar, andar, ir ao banheiro sozinhos e têm imensas
dificuldades de aprendizado. A gente observa isso nas escolas públicas.
O
caminho da droga no organismo: do cachimbo ao cérebro, o crack é
queimado, e a sua fumaça é aspirada pelos alvéolos pulmonares e vai via nervo
olfativo para o cérebro. No Sistema Nervoso Central, a droga age diretamente
sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptação de um neurotransmissor
cerebral, e, com isso, as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas.
Ele é distribuído a todo o organismo pela corrente sanguínea; no fígado, ele é
metabolizado e eliminado pela urina.
O
Sr. DJ Cassiá: V. Exª
permite um aparte (Assentimento do orador.) Vereador, V. Exª levanta um tema que
hoje está acabando com a nossa juventude, com as nossas crianças. Quero aqui
ser solidário ao seu debate e convocar os Governos Municipal, Estadual e
Federal para que se crie uma política de salvação desse jovem, dessa criança,
que não tem mais volta quando entra no uso do crack. Eu pergunto a V.
Exª, com a sua experiência como médico: qual é o custo para o Governo para
criar um centro de recuperação? Porque não existe, salvo melhor juízo, eu não
sou médico, mas o que seria? Leitos, um prédio, soro. E o que mais? Corpo
humano? Seria isso, mais ou menos? Então, vamos fazer um apelo aos Governos
Municipal, Estadual e Federal para que criem esses leitos, esses hospitais, que
venham dar recuperação para essas crianças, porque o custo da recuperação é de
quinhentos a mil e quinhentos reais a diária para poder recuperar. E o filho de
um trabalhador que está muito viciado no crack não vai ter mais volta,
Vereador! A volta vai ser para onde? O pai terá que velar a criança. Muito
obrigado pelo aparte.
A
Srª Maria Celeste: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que o tema que V. Exª
traz à tribuna é extremamente relevante, tendo em vista a proliferação dos
casos de crack na nossa Cidade, e é uma questão que precisamos
enfrentar. O Ver. DJ Cassiá traz a questão da internação, e isso é real, há
necessidade. Nós tivemos, nesta semana, a prestação de contas do Conselho
Tutelar aqui nesta Casa, em que, de fato, essa realidade que V. Exª traz também
é constatada por meio do número dos expedientes que foram contabilizados no
decorrer do ano de 2008. O maior problema, na gestão do Conselho Tutelar, de
intervenção e da necessidade de intervenção é a questão da drogadição.
E
também foi constatado - o Sr. Prefeito estava presente naquela importante
reunião - que o problema não está na internação. Porto Alegre precisa enfrentar
um projeto, um programa pós-internação, para que essas crianças, especialmente
as crianças e adolescentes, possam retornar às suas comunidades de origem
depois da internação para obterem a socialização na sua comunidade e terem,
também, continuidade do tratamento. Temos de avançar nesse sentido. Em 2007,
esta Casa produziu uma Audiência Pública, fizemos uma Emenda no Orçamento da
Cidade, mas lamentavelmente ela foi rejeitada pela base do Governo, e agora
temos de ser mais propositivos para enfrentarmos, de fato, esse problema.
O
SR. DR. THIAGO DUARTE: Sem
dúvida, a prevenção e a reabilitação são os grandes dilemas no que se refere ao
crack. O Ver. DJ Cassiá normalmente utiliza esta tribuna com muita
propriedade e diz que a questão educacional está intimamente relacionada com
isso. Vamos apresentar algumas proposições a partir de agora.
A
alegria do crack, no entanto, dura pouco. O crack nasceu junto às
nossas comunidades de periferia, levando as crianças de rua ao vício fácil e à
morte rápida. Agora, chega à classe média, aumentando seu rastro de destruição.
E falo dessa chaga social não só porque é um problema de Saúde Pública, levando
as nossas emergências psiquiátricas ao colapso, mas, também, porque está na
gênese do aumento da criminalidade na nossa sociedade. E, infelizmente, quem
mais sofre, DJ Cassiá, é a população pobre da periferia. O crack se encontra arraigado aos delitos mais cruéis.
Vou
relatar um fato. Há duas semanas, numa sexta-feira, fomos fazer uma visita
domiciliar a um paciente acamado, pois estava impossibilitado de comparecer à
unidade de saúde. Chegando à residência, identificamos que o paciente visitado
deambulava e falava normalmente, mas, então, como chegou a esse estado de
afasia - sem caminhar -, sem deambular, sem se comunicar? Ocorre que, próximo
ao Natal, ele denunciou um grupo de traficantes no Extremo Sul da Cidade. E
sabem qual foi o destino dele? Foi violentamente roubado por esse grupo entre o
Natal e o Ano-Novo, sofrendo extensas sequelas neurológicas e ontem foi a
óbito. Hoje este depoimento é em memória ao Seu Ozzi e seus familiares. O crack
prejudica a saúde.
O
Sr. Toni Proença: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Dr. Thiago,
quero me solidarizar à sua preocupação, à sua indignação quanto ao uso do crack.
Realmente é um problema de Saúde Pública, mas acho que, para além de um
problema de Saúde Pública, já é um problema da Nação. Por isso, se não somarmos
esforços de todos os entes públicos, de todas as entidades da sociedade,
esforços de todos os cidadãos desta Cidade, nós não vamos conseguir fazer
frente a esse grave problema, que está dizimando as nossas crianças, a nossa
juventude e também os nossos adultos. Repito: muito além de um problema de
Saúde Pública, o crack já é um problema desta Nação. Parabéns pela sua
lembrança desse tema.
O
Sr. Dr. Raul: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Thiago, eu queria
também me solidarizar e dizer da nossa experiência de trinta anos de Saúde
Pública, muitos deles dedicados à atenção da drogadição. Vemos o quanto é
triste, o quanto é doloroso para a sociedade a epidemia de crack que
assola o nosso País. Nós precisamos ter, de uma maneira integrada, a parte da
saúde, que é muito importante, para dar o seu suporte, mas também a segurança e
a educação, para que, pelo menos, esses três - vamos dizer assim - baluartes da
sociedade, que são a saúde, a educação e a segurança, se unam de uma maneira
firme e forte, para realmente tratar essa matéria. Nós, que trabalhamos na área
do planejamento familiar, desejamos que se organize neste País um planejamento
familiar efetivo, que dote pelo menos as comunidades carentes da possibilidade
de informação, para que elas tenham aqueles filhos que possam ter, que tenham
possibilidades de tratamento, como V. Exª bem sabe, o que já beneficiou a
Cidade tantas vezes. Então, através do tratamento e planejamento familiar,
através da evolução da sociedade junto com a educação, a saúde e a segurança,
que possamos, realmente, enfrentar essa equação tão triste, tão dolorosa, que
está nos assolando agora, que é a epidemia de crack em nosso País.
O
SR. DR. THIAGO DUARTE:
Muito obrigado, Ver. Dr. Raul, eu faço minhas as suas palavras.
O
crack prejudica a saúde, a crack é um problema social, o crack
é um problema econômico, o crack acaba redundando em violência. Mas não
adianta aqui só trazermos a problemática, como o Ver. Oliboni fez. É
fundamental que, desta tribuna, possamos construir alternativas para minimizar
esse problema e tentar erradicá-lo. A terapia comunitária vem nesse sentido. A
terapia comunitária é desenvolvida há dois anos na Restinga e Extremo Sul. E
ali estão a Marilu e a Dona Eliane, que participam dela diuturnamente. A
terapia comunitária foi gerada na antiga terapia de casais, observada e
efetivada por um psiquiatra cearense chamado Adalberto Barreto. A partir dela
as pessoas podem comungar experiências e resgatar os rituais e vivências das
comunidades e das famílias. Os sofrimentos psíquicos e os problemas de saúde
mental são na maioria das vezes problemas socioambientais - com um componente
importante social e com um componente importante ambiental -, e a correta
abordagem desses problemas é a forma grupal, diminuindo a medicação excessiva e
fortalecendo as redes comunitárias e familiares.
A
segunda atenção que é importante termos aqui é a atenção do Poder Público aos
pequenos delitos, Ver. Adeli Sell. É fundamental não desvalorizarmos os
pequenos delitos, aqueles que ocorrem no seu Centro, Ver. Adeli Sell, no nosso
Centro, e aqueles que também ocorrem silenciosamente na periferia da Cidade e
fazem com que por vezes tenhamos toque de recolher em algumas vilas, como, por
exemplo, na Glória. Os pequenos delitos sem correção têm dois desdobramentos. O
primeiro é que, nas pichações, nos depredamentos, se originam os primeiros
infratores, o primeiro passo dos grandes infratores, não podemos desmerecê-los;
o segundo e fundamental é a impunidade. Nós temos que, de forma pedagógica,
reeducar, esclarecendo a comunidade para a necessidade da preservação dos seus
espaços, e que possamos também ter grupos vigilantes nos cuidados dessas áreas.
Então, vamos construir uma sociedade melhor. Um abraço, muito obrigado pelos
apartes e pela atenção de todos.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Apregôo a representação do Ver. Engenheiro Comassetto - hoje, às 19h, na
Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia, no bairro Restinga - na Audiência
Pública que terá como pauta a construção do Hospital da Restinga.
Mas vamos ver aquilo ali concretizado, são dezenas
e dezenas de milhões de reais investidos pelos empreendedores Simonetti, que há
muitos anos deixaram a enxada lá em Nova Bréscia, nos grotões de Nova Bréscia,
e vieram aqui, literalmente, descascar batatas em restaurantes. Dali eles
fizeram, de vários restaurantes que estavam quebrando na Cidade, restaurantes
hoje dos mais frequentados, como o Restaurante do Margs, o Varietá, o
InterCity, o Chalé da Praça XV e outros. Mas justamente por essa visão
empreendedora, e empreendedorismo é ter necessariamente uma visão
socioambiental, é que eles se preocupam com o Centro e sabem que, para
revitalizarmos o Centro, para garantirmos investimentos, geração de empregos e
renda, não é necessário construir uma cidade nova, porque a Cidade já está aí.
A cidade de Porto Alegre já está aí implantada - e muito bem, obrigado -;
necessita-se da manutenção e da recuperação da Cidade já existente. Isso é
desenvolvimento inteligente e sustentável.
Nós teremos ali mais um exemplo de Governança
Solidária Local, Ver. Toni Proença, que é o mesmo espírito da Agenda 21,
implantada na Eco 92, em que se devem reunir as energias, as inteligências e as
vontades daquela comunidade, todas elas sem preconceitos - o empresário, o
trabalhador, o setor público -, para juntas construírem uma agenda comum, e
tão-somente assim, sem conflitos, muito antes pelo contrário, garantindo uma
qualificação total, real, a curto, médio e longo prazo para aquela região. É o
que nós estaremos vendo agora na assinatura de um Termo de Cooperação entre a
Prefeitura e o Chalé da Praça XV; termo que vai ser realizado em virtude de uma
lei aprovada por esta Casa. Fechando, aí, o ciclo completo da Governança
Solidária, na qual acredito muito, porque ela é o espírito da ECO 92, o
princípio básico da sustentabilidade. Está aí o exemplo concreto.
Em nome do Partido Progressista, eu queria trazer
esse exemplo, porque esse é o espírito, Verª Maria Celeste, que deve basear o
Plano Diretor da Cidade. Sim, se os prédios novos são importantes, muito mais
importante é preservar a Cidade que já está aí, o seu patrimônio natural e
cultural. Isso nós estamos vendo agora no Chalé da Praça XV. Parabéns a Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Passamos às
O Ver. João Pancinha está com a palavra em
Comunicações.
Foi
feito um levantamento, num jornal da Capital, sobre as exigências que são necessárias
para se ingressar nos órgãos públicos, e a gente vê que a segurança é mínima, é
mínima. No jornal Zero Hora do dia 10 saiu esse levantamento. Então, eu acho
que nós, Vereadores, Vereadoras, precisamos tentar reverter essa situação na
questão principalmente da burocratização. Nós precisamos achar formas... E o
Ver. Beto Moesch, que esteve na SMAM, é sabedor da dificuldade dos
procedimentos que têm os empreiteiros de receber; os cooperativados, de
receber; os fornecedores, de receber, mas não pela escassez de recursos, muitas
vezes pela burocratização que os procedimentos envolvem.
Temos
que pensar muito bem. A situação de segunda-feira foi muito grave, e aqui eu
quero fazer um elogio à Brigada Militar, que entrou na negociação e, durante
três ou quatro horas, negociou, conversou, e a situação foi finalmente bem
resolvida. Mas precisamos ter em mente que essa situação não pode se repetir,
temos que preservar as instituições, preservar os homens públicos e achar uma
solução, para não esperarmos tanto tempo para a liberação dos recursos, Ver.
Reginaldo Pujol. Muito obrigado pela atenção e um abraço.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A
Verª Juliana Brizola está com a palavra em Comunicações.
A
SRA. JULIANA BRIZOLA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público presente,
quero deixar uma reflexão sobre o 08 de março, sobre a importância não apenas
de termos um dia para reafirmarmos o nosso desejo de lutar para romper
preconceitos e quebrar paradigmas que colocam mais da metade da população em
uma posição que não faz justiça à sua história. Quero falar de direitos, não
apenas na lei, mas na vida. E inicio pelo direito que julgo ser como o direito
de respirar, que é o direito à educação não-sexista, aquela que não sexualiza
papéis, que oferece as mesmas oportunidades, as mesmas ferramentas, que não
constrói o que é de menino e o que é de menina. Nossas diferenças não podem
pressupor que somos desiguais. Quando compreendemos como naturais essas
diferenças, quando transformadas em desigualdades, estamos admitindo a
inferioridade para a formulação de papéis.
Não
é justo que coloquemos sobre os ombros das educadoras a responsabilidade total,
já que a escola que sociabiliza e gera conhecimento na sociedade capitalista
que vivemos não educa da mesma forma nem cria as mesmas perspectivas para os
detentores dos meios de produção e os que vendem a força de trabalho. Uns são
educados para dominar, e a outra camada para conformar-se com a dominação. Há
bem pouco tempo, os livros escolares traziam isso materializado: “Papai foi
trabalhar, e mamãe está em casa”, desconsiderando a função social do trabalho
intrafamiliar, que, infelizmente, do ponto de vista legal, não existe, porque a
Previdência não reconhece como trabalho, pois se o fizesse, aposentaria a
dona-de-casa.
Educar
é um processo complexo, e desconstruir culturalmente esses papéis é tarefa
árdua, mas absolutamente necessária. O processo de emancipação da mulher nesse
viés educacional nos dará inúmeros exemplos de sua necessidade. Não quero
constatar, porque isso é de domínio público, e só não vê quem escolhe ficar
alienado por opção política. Quero engajar-me na mudança, na negação do
banalizado, do esteriotipado, em tudo o que é aceito como natural e fere o nosso ser
mulher. Desejo, através deste mandato, viabilizar diversas formas de contribuir
para essas mudanças; quero que o saber construído coletivamente se sobreponha
ao individual e quero fazer parte dessa mudança na forma de olhar o mundo,
construindo sobre outras bases esta sociedade, que escutamos tanto neste mês de
março, mas que, ali em abril, já faz parte do passado. Quero dedicar esse 08 de
março que passou às mudanças de sujeito, às meninas que, se educadas para a
não-submissão, serão mulheres mais felizes, inteiras e construtoras desta
sociedade, para a qual tanto lutamos, a qual poderemos, ali na frente, ver
materializada. A educação emancipará as mulheres, e a conquista do lugar a que
temos direito na sociedade depende também de nós mesmas, de nossa capacidade de
organização e de luta; solidárias e unidas, seremos fortes. Boa luta a todas
nós mulheres. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, os jornais em geral, no dia de hoje, estampam como manchete
principal a decisão do Banco Central, que fez o maior corte nos juros desde
2003, reduzindo a taxa básica para 11,25% ao ano, fato amplamente divulgado no
dia de ontem e que mereceu os mais amplos comentários. É evidente que, de certa
maneira, temos que saudar a decisão do Conselho Monetário Nacional, em que pese
persistirmos, meu caro Presidente Adeli, como sendo um País campeão mundial da
taxa de juros. Com tudo isso, o spread brasileiro... Eu não gosto de
utilizar a palavra spread porque é mais uma submissão que fazemos ao
linguajar tecnicista internacional, O spread
é o custo do dinheiro, descontada a inflação, mais esse valorzinho pequenininho.
A inflação foi projetada num momento até de baixíssima expectativa, de 6% a 7%
ao ano, e o spread é de 11,25%, o
dobro de toda a inflação. Não podemos, obviamente, ser tão rigorosos com o
Conselho Monetário Nacional.
O Sr. Toni Proença: V. Exª permite
um aparte?
O SR. REGINALDO PUJOL: Infelizmente,
não. Eu sou o maior prejudicado, Ver. Toni, porque deixo de ter o meu pobre
pronunciamento enriquecido com o seu aparte. Faço isso em função do Regimento,
do qual eu sou servo, nós somos servos.
O que impressiona, Presidente Adeli Sell, é que, ao
lado dessa notícia, se diz: “Finalmente, desde 2003, estamos conseguindo
reduzir para 11,25%”. Eu não vou ser fariseu aqui e dizer que no tempo do
Fernando Henrique era melhor. Não era melhor coisa nenhuma, isso é um problema
nacional. Só eu acho que, com esses spreads altos, quando a inflação era
superior a 10% ao mês, havia alguma justificativa, mas numa situação de
razoável normalidade econômica, com 6% ao ano, ter 11,25%, o dobro, é um
exagero. Queira Deus que as coisas se acomodem melhor ainda. Eu não quero muita
coisa, apenas que fiquemos próximos da Argentina, que está numa brutal crise
econômica e, mesmo assim, ainda tem um juro bem menor do que o nosso.
Mas a preocupação maior que a imprensa nos traz no
dia de hoje é a divulgação de esse fato ser absolutamente lamentável, de que o
Estado brasileiro continua a engolir a sociedade brasileira, porque o ano que
findou aumentou mais ainda a participação estatal nos tributos, no bolo
tributário nacional. Hoje, Ver. Luiz Braz, que tem se debruçado sobre esses
assuntos, estamos muito próximos aos 40% do bolo nacional. Isto é, aquela
história que divulgam de que, em doze meses do ano, cinco nós trabalhamos para
o Governo, lamentavelmente, se confirma integralmente.
Então,
acho que é chegado o momento de organizarmos uma resistência nacional a esse
progressivo avanço no bolso do contribuinte. Nós, que somos tão diligentes na
defesa do consumidor, na defesa do produtor, na defesa dos movimentos sociais,
temos que defender o maior dos movimentos que há, o do contribuinte, o que paga
toda essa festa, todas as festas; os acertos e desacertos do Governo são pagos
pelo contribuinte. E esse cada vez paga mais caro. E é isso, meu caro Ver.
Adeli Sell, que nós temos que protestar, é isso que nós temos que proclamar, há
que se dar um basta nesse avanço na bolsa popular. Porque é muito fácil
cumprimentar com o chapéu alheio, e é muito fácil dizer que se está fazendo
isso, aquilo e aquele outro, avançando-se cada vez mais no bolso do cidadão
brasileiro. Chega, basta!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, o tema que foi abordado aqui pelo Ver. Reginaldo Pujol com
muito brilhantismo toma conta hoje, praticamente, de todos os jornais da
Cidade. Os juros tiveram uma queda e estão, historicamente, sendo apresentados
como os mais baixos aqui no nosso País: 11,25% ao ano. Verª Maria Celeste, que
bom se isso pudesse refletir naqueles juros pagos pelos tomadores de empréstimo
nos bancos desta Cidade. Eu acho que estaríamos, realmente, em uma outra fase
em nossa economia. Não sei por que e não sei qual é o poder que têm esses
bancos; lembro-me de que o Lula, quando não estava ainda à frente dos destinos
desta Nação, quando fazia parte da oposição, fazia sempre discursos os mais
eloquentes contra o lucro dos banqueiros e contra este juro cruel, desmesurado,
que é cobrado pelos banqueiros em todas as operações. Assumindo a presidência
da República, eu imaginava que o Presidente Lula, imediatamente, fosse se
voltar contra os banqueiros e normatizar os juros reais, os chamados juros
reais, que vêm dos empréstimos feitos nas operações, quando você tem uma
empresa, ou quando você precisa de algum dinheiro para resolver um problema.
Infelizmente,
Ver. Mauro Pinheiro, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi
engolido pelos banqueiros, pelo setor financeiro mundial, porque é claro que
esses setores que dominam a nossa economia não são setores nacionais, eles são
internacionais. Eles continuam, na verdade, roubando, de uma forma
desavergonhada, o povo brasileiro sob os olhares passíveis, agora, do Presidente
da República. O Presidente da República, agora, já não é mais inimigo dos
banqueiros, já não é mais aquele homem do passado, tão combativo e que dava
esperança a todos os brasileiros de que iria, realmente, fazer com que, aqui no
nosso País, acontecesse o que acontece nos demais países da América Latina. Em
qualquer país da América Latina, nós vamos ter juros bancários limitados, mais
ou menos, a 6% ao ano, isso quando os juros estão muito altos. Aqui não
conseguimos nem 6% ao mês! Aqui vamos ter, mais ou menos, os juros do cheque
especial, Ver. Adeli Sell, que devem estar, mais ou menos, em 8% ao mês, mais
ou menos isso, o que significa juros sobre juros, Ver. Mauro Pinheiro, e, ao
ano, é muito mais de cem por cento.
Então,
é praticamente impossível se tomar dinheiro da rede bancária para estabelecer
qualquer tipo de negócio que se queira fazer. Ficamos somente à disposição
daquilo que o Governo tem para oferecer em termos de cargos públicos - e o
Governo tem oferecido uma montoeira de cargos públicos -, mas claro que isso
não resolve o problema das pessoas que precisam sobreviver de alguma forma. Eu
espero que alguém coloque ao Presidente Lula da Silva os seus discursos
passados, para que ele possa relembrar que um dia já pregou contra esses juros
criminosos que são praticados pela rede bancária contra a população. Quem sabe
ele realmente se lembre que um dia fez esse tipo de proselitismo, mas que
deveria, hoje, já que tem todas as condições, colocar na prática aquilo que era
o seu discurso.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A
Verª Maria Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu
iria falar primeiramente em Comunicações, deixar a Liderança mais para o final
da Sessão, mas fui extremamente estimulada pelo Ver. Luiz Braz, do PSDB, que
fez uma crítica ao nosso Presidente. Ver. Luiz Braz, o senhor esquece que quem
determina a taxa de juros no País não é o Presidente; há um Conselho, o Copom,
que determina o livre mercado e a ação da taxa de juros, a taxa Selic, no nosso
País. Então, parece-me que agora a história muda um pouco.
Aliás,
também me causava estranheza que o discurso do Fernando Henrique e da turma do
PSDB contra o PT era o medo da iniciativa do livre mercado no Brasil com a
possibilidade de um trabalhador assumir a Presidência da República. Essa era a
grande crítica. E agora eu escuto alguém do PSDB criticando as iniciativas do
Presidente da República, nosso Luiz Inácio Lula da Silva, que tem enfrentado a
crise internacional, uma crise resultante da situação econômica que está aí,
que nós todos temos presenciado, com atitudes necessárias para que, de fato,
essa crise não atinja a economia real. E essa crítica que eu ouvi agora nesta
tribuna me causa estranheza, porque havia um medo, um pavor de que um
trabalhador assumisse o comando do nosso País, que iria estatizar todas as
questões... Esse era o jogo político na época, quando então o nosso Presidente
assumiu o Governo e as rédeas do nosso Brasil e tomou as medidas naquele
momento, para que o mercado pudesse funcionar. E quero dizer que medidas
acertadas, no enfrentamento da crise mundial, nós estamos verificando, e o
Brasil está conseguindo, sim, superar várias questões do ponto de visa da
economia. E verificamos que, lamentavelmente, países como Alemanha, como os
Estados Unidos estão tendo inúmeras dificuldades, porque não conseguiram ainda
enfrentar a ótica de um capitalismo perverso instalado nos seus países.
Então,
alto lá com a cobrança em cima daquele que está conseguindo trabalhar para que
de fato a crise econômica mundial não afete a economia real do nosso sistema.
Há uma preocupação grande, precisamos que a discussão seja mantida, precisamos
de iniciativas, de um maior número de investimento no nosso País,
especialmente. E o Presidente Lula tem feito isso, tem tomado iniciativas. O
estímulo ao PAC, as grandes questões colocadas no Programa de Aceleração - não
foi retirado nenhum recurso nesse sentido para manutenção desse Programa -, a
revitalização do setor da construção civil fazem com que haja um estímulo cada
vez maior para que a economia real não seja efetivamente atingida, como está
acontecendo no nosso País. Nós não queremos o desemprego, não queremos que as
famílias sejam assoladas por essa crise que está chegando a todos os países. O
Presidente Lula vem, sim, fazendo um enfrentamento muito grande.
Agora,
quanto a essa cobrança do PSDB, eu gostaria que fosse cobrada com tanta ênfase,
também, a postura em relação à Governadora Yeda: quais as medidas que ela está
tomando em relação à crise? Quais são as medidas? Porque até agora elas não
apareceram em relação à crise no nosso Estado, para que, de fato, o Governo
possa estar enfrentando, para que não sejam atingidos os trabalhadores,
especialmente os do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Nós não vemos
medidas importantes, que precisam ser tomadas, não verificamos e não vimos
isso.
Também
quero aqui lembrar, Ver. Luiz Braz, para finalizar, que, quando houve há alguns
anos um incentivo para baixar e reduzir o ICMS nos postos de gasolina, na base
de 20%, esse mesmo percentual não foi repassado para os consumidores, não houve
o repasse. Então, alto lá, quando vem a crítica em relação ao Governo Federal!
Penso que nós temos enfrentado com grande desenvoltura e com grande serenidade
as questões que dizem respeito ao retorno de uma economia real e de um Brasil
em desenvolvimento. Apesar de os números estarem sendo colocados, nós, o
Governo Federal, estamos enfrentando, sim, Ver. Toni, uma crise que está
instalada no mundo todo. Obrigada, Sr. Presidente.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.
A
SRA. MARIA CELESTE: Queria
retomar um tema que foi colocado no início desta Sessão pela Campanha da
Fraternidade, trata-se de um tema de muita reflexão para todos nós; havia
organizado a minha manifestação em Comunicações nesse sentido. O que mais nos
assombra, Ver. Toni, que é da área e trabalhou com esse tema na cidade de Porto
Alegre quando foi Secretário, é que no tema da Segurança Pública há uma omissão
do Estado e da Prefeitura em decorrência dos programas necessários, uma omissão
que tomou proporções realmente terríveis em nosso Estado. Se pegarmos os
jornais do início deste ano, poderemos verificar que 2008 foi o ano em que mais
se matou durante toda a década passada. Estes dados estão aqui (Mostra
jornal.), evidenciando a nossa dura realidade. E, pasmem, Porto Alegre, entre
dez Municípios, está à frente no ranking da violência. Mais do que isso,
em janeiro deste ano, também foi levantada por jornais da Cidade a constatação
de que a nossa Capital tem a média trágica de um homicídio a cada três horas.
Esta é a vida real - esta é a vida real! -, a vida da violência que nos assola,
a vida dessa violência que no dia-a-dia bate à nossa porta.
E
nós podemos aqui, enquanto Câmara Municipal, não apenas ter o comparecimento de
Dom Remídio, como tivemos no início desta Sessão, mas propor iniciativas para
que, de fato, o Executivo cumpra a sua parte no que diz respeito à questão da
Segurança no Estado do Rio Grande do Sul. E eu falo especificamente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, porque, aqui, quando avaliarmos a Peça Orçamentária
da Cidade, quando recebermos a Lei Orçamentária para 2009, vamos, de fato, na
prática, verificar que o Governo Municipal não está preocupado com a Segurança
Pública no Município de Porto Alegre. Verificamos isso quando vemos programas
que são colocados no Orçamento como programas virtuais e inconsistentes, apenas
servindo de proposição de campanha eleitoral do Prefeito Municipal. E isso
podemos constatar através do nosso Orçamento.
Por
exemplo, do Programa Vizinhança Segura, foi aportado apenas 0,6% do Orçamento
para a execução orçamentária. É um nível baixíssimo, por isso Porto Alegre é
apontada nos jornais como uma das Capitais mais violentas, por isso aparecem
dados sobre as regiões da Cidade, a exemplo - lamentavelmente, é o bairro onde
moro - do bairro Rubem Berta, um dos bairros mais violentos do Estado do Rio
Grande do Sul. Porque os programas são insuficientes, não dão conta de uma
demanda que está aí, batendo à nossa porta; lamentavelmente, não há um aporte
de recursos necessários para esse trabalho. Programas como o Trabalho para a
Juventude, também, que foi orçado em 226 mil reais: teve até setembro de 2008
uma execução zero. Zero! A Escola do Circo, um programa importante no
Município, foi orçado em 80 mil reais, e a execução foi zero! Esses dados aqui
são os colocados no nosso Orçamento. Lamentavelmente, dessa forma é tratado o
tema da Segurança no Município de Porto Alegre.
Portanto,
cabe a nós, Câmara Municipal, Vereadores e Vereadoras unidos, fazer uma
interferência e uma interposição na Peça Orçamentária da Cidade. E eu quero
conclamar, porque logo a seguir esta Câmara estará fazendo o debate do Plano
Plurianual, das questões dos programas orçamentários, da Lei de Diretrizes e do
Orçamento do Município para o ano de 2010, para que possamos implementar, colocar,
alocar recursos nesses programas, que até agora não funcionam na cidade de
Porto Alegre. Não dá mais para assistirmos a questões e verificarmos nos
jornais, no dia-a-dia, o alto índice de violência na nossa Cidade, constatarmos
que o ano de 2008 foi o ano em que mais se matou na última década. Portanto,
convido todos os Vereadores e Vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre
para, juntos à Campanha da Fraternidade que nos foi colocada, imediatamente
trabalharmos através do Orçamento, alocando recursos para que, de fato, o Sr.
Prefeito cumpra com as promessas de campanha que fez durante o período
eleitoral.
(Não
revisado pela oradora.)
Por
outro lado, fui procurado pelos ex-funcionários do Estaleiro Só. O Estaleiro Só
foi à falência em 1995 e hoje é administrado pela Massa Falida do Estaleiro. O
que acontece com essas pessoas? Eu falo como Médico do Trabalho que já
trabalhou em estaleiro, que já trabalhou em navegação; eu falo como uma pessoa
sensibilizada com o problema dessas mais de trezentas ou quatrocentas famílias
que ainda aguardam que haja efetivamente a integralização dos seus créditos
trabalhistas daquele período. Pessoas com mais de vinte ou vinte e cinco anos
de trabalho no Estaleiro Só, pessoas que tiveram seu trabalho finalizado de uma
maneira que ninguém gostaria, de um estaleiro que fez quase duzentas
embarcações - embarcações com até 110 metros, 120 metros de proa à popa.
Grandes embarcações foram ali feitas, muita gente deu seu trabalho, muita gente
perdeu a sua saúde lá através da insalubridade de um estaleiro.
Quem
não sabe o que é um caldeireiro, um maçariqueiro, um soldador, um auxiliar de
serviços gerais de um estaleiro? Pessoas que ficaram surdas, pessoas que perderam
membros amassados; pessoas que faleceram caindo de navios, ou caindo em porões
de navios, ou intoxicadas pelo gás dentro dos navios, ou afogadas. Quer dizer,
nós tivemos ali histórias as mais variadas e hoje temos ex-funcionários sem os
seus créditos trabalhistas efetivamente reconhecidos. Apesar de ser contra a se
estabelecer esse “minimunicípio”, como eu chamo, naquele local, eu acredito que
deva ser considerado esse assunto, o da integralização dos recursos
trabalhistas, vamos dizer assim, da massa falida, no caso de haver efetivamente
a implantação desse projeto na Cidade.
Por
quê? Porque, com certeza, haverá uma supervalorização dessa área no momento em
que tivermos lá moradias, todos nós sabemos disso. E não sei se através de uma
emenda - parece que isso não é possível, pelo que eu me informei neste momento
-, mas acho que a própria Câmara deveria, conforme o andamento desse processo,
não se esquecer dessas pessoas que trabalharam tantos anos no Estaleiro Só, que
tanto fizeram lá, famílias que estão, até hoje, dependendo de receber esses
créditos trabalhistas.
Acredito
que precisemos, efetivamente, sensibilizar o empreendedor para que, uma vez que
isso venha a se concretizar em Porto Alegre - torno a dizer que sou contra o
projeto, então, falo com mais razão ainda -, independente da minha vontade, mas
não sei se sim ou não pela vontade de um referendo popular, que não se esqueçam
dessas pessoas que por tantos e tantos anos trabalharam lá, que perderam,
muitas vezes, a sua saúde, até a sua vida e que até hoje não receberam, ou suas
famílias, aquilo que deveriam, justa e merecidamente, receber.
Concluo
este momento dizendo que estamos trabalhando forte também na questão das
Unidades de Pronto-Atendimento em Porto Alegre, muito especialmente na instalação
de uma UPA lá na área do Centro Vida, na Av. Baltazar de Oliveira Garcia,
estamos avançando muito. Saúde para todos!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Saúde,
Vereador!
O
Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em Comunicações.
O
SR. MAURO PINHEIRO: Ver.
Adeli Sell, Presidente dos trabalhos; Vereadores, Vereadoras, público que nos
assiste, mais uma vez, meu amigo Toni Proença, venho aqui para falar do
Carrefour; não só falar do Carrefour, mas apresentar um Projeto que já protocolei.
Protocolei um Projeto de Lei Complementar tendo em vista os vários discursos
aqui que atacavam o Carrefour, os quais também proferi, e pela forma como ele
foi construído naquele local. Foi construído na frente de um outro
hipermercado, que é o Big Shop, da Av. Sertório, o que causou todo um
transtorno para a população da região. E não foi só para a população, mas para
o comércio no entorno daqueles dois hipermercados, aqueles gigantes que estão
agora concentrados na Zona Norte de Porto Alegre.
Vários
empreendedores supermercadistas de pequeno porte, minimercados, armazéns,
pequenos lojistas me procuraram, após todos aqueles discursos aqui da Câmara de
Vereadores, e disseram: “Vereador, discurso nós temos escutado bastante. Nós
gostaríamos de saber, na prática, o que a Câmara de Vereadores pode fazer para
segurar esses grandes empreendimentos, como o Carrefour e o Big, na cidade de
Porto Alegre?” Então, humildemente fui para o meu gabinete e comecei a
pesquisar, busquei aqui algumas leis, a Lei Complementar nº 462, de 18 de
janeiro de 2001.
Verª
Maria Celeste, falaram tanto no Ministro Tarso, Prefeito da Cidade; quando
Tarso Genro era Prefeito, juntamente com o João Motta, assinou - e foi aprovada
pela Câmara Municipal - a Lei Complementar nº 462, que proibia a construção de
hipermercados na cidade de Porto Alegre com mais de 1.500 metros quadrados,
excetuando a Av. Severo Dullius, parte da Av. dos Estados, Rua Dona Teodora,
Auto-estrada Marechal Osório/Freeway e o prolongamento da Av. Antônio de
Carvalho e corredor de proteção. Então, a partir dali, ficava proibida a
construção de hipermercados com mais de 1.500 metros quadrados na cidade de
Porto Alegre. Mas, no dia 02 de maio de 2005, foi aprovada uma nova Lei
Complementar, já com o Prefeito José Fogaça, aumentando esse tamanho de 1.500
para 2.500 metros quadrados na cidade de Porto Alegre. E continuaram as
exceções citadas na Lei nº 462.
A
partir daí, protocolei, no dia 18 de fevereiro, um Projeto de Lei Complementar,
no qual suprimo o parágrafo 1º do art. 1º, da Lei Complementar nº 523, de 02 de
maio de 2005. Pois bem, esse Projeto, que foi protocolado em 18 de fevereiro, é
para retirar a parte que se excetua a Av. Severo Dullius, Av. dos Estados, Rua
Dona Teodora, Auto-estrada Marechal Osório/Freeway desse Projeto de Lei.
Excetuando-se esse parágrafo, então, se aprovado pelos nobres Vereadores, a
partir de então não poderão mais construir supermercados e hipermercados com
mais de 2.500 metros quadrados em nenhuma parte da cidade de Porto Alegre. Por
que faço isso? Para o público que nos assiste e para muitas pessoas que acabam
achando que construir grandes hipermercados é bom para a Cidade, porque eles
geram empregos.
Como
eu tenho conversado e porque também sou um pequeno empreendedor, tenho um pequeno
mercado lá na Vila Jardim Leopoldina, com muito orgulho, sei que esses grandes
hipermercados, apesar de gerarem alguns empregos, mais destroem esses pequenos
comércios, e com isso diminui o número de empregos na cidade de Porto Alegre.
Outros dizem: “Concorrência é bom”. Se a concorrência fosse boa, a cesta básica
de Porto Alegre não seria a mais cara do Brasil, pois a cesta básica de Porto
Alegre tem sido sempre a mais cara do Brasil, mesmo havendo uma grande
concentração de hipermercados na cidade de Porto Alegre. Então, essa
concorrência, que muitos dizem ser boa, porque baixa os preços, na minha visão
ela não está correta, não é boa para os pequenos empreendimentos e para a
sociedade de Porto Alegre, pois causa um transtorno à Cidade.
Então,
àqueles pequenos mercados de bairro que me cobraram: está aqui, foi protocolado
no dia 18 de fevereiro o Projeto de Lei, assim que for promulgado na cidade de
Porto Alegre, não poderá mais ser construído hipermercado. Conto com o apoio
dos nobres Vereadores para aprovar o Projeto e regulamentar o comércio de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Mauro Pinheiro era o último Vereador inscrito no período de Comunicações.
Nesta quinta-feira, não há priorização de votação.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h46min.)
* * * * *